BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou nesta quinta-feira (7) para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e defendeu o reforço da parceria comercial entre os dois países após o tarifaço imposto pelos Estados Unidos.

A conversa com Modi ocorre poucos dias após Trump ampliar para 50% a sobretaxa imposta aos indianos, que passará a ser válida a partir do dia 27 de agosto. Trata-se de uma retaliação indireta à Rússia por não ceder aos apelos dos Estados Unidos de encerrar a guerra com a Ucrânia.

Na nota, o governo brasileiro afirmou que Brasil e Índia foram os mais afetados pela imposição de tarifas unilaterais pelos EUA.

“Ambos reafirmaram a importância em defender o multilateralismo e a necessidade de fazer frente aos desafios da conjuntura, e explorar possibilidades de maior integração entre os dois países”, diz o texto.

Também foi confirmada a visita de Estado de Lula à Índia no início do próximo ano. Como etapa preparatória da visita, ficou acordado que o vice-presidente Geraldo Alckmin irá à Índia em outubro deste ano, por ocasião da reunião do Mecanismo de Monitoramento de Comércio.

A delegação terá ministros e empresários brasileiros para tratar de cooperação na área comercial, de defesa, energia, minerais críticos, saúde e inclusão digital.

Os dois países reforçaram a meta de ampliar o comércio bilateral para mais de US$ 20 bilhões até 2030. Para isso, concordaram em ampliar a cobertura do acordo entre Mercosul e Índia e trocaram informações sobre as plataformas de pagamento virtual instantâneo dos dois países, incluindo o Pix e a UPI indiana.

Lula e Modi também discutiram a passagem da presidência do Brics do Brasil para a Índia, de acordo com a nota do Planalto.

Modi publicou um agradecimento a Lula em suas redes sociais, afirmando que o brasileiro fez sua visita ao Brasil, em julho, “memorável e significativa”.

“Estamos comprometidos a aprofundar nossa parceria estratégia, incluindo nas áreas do comércio, energia, tecnologia, defesa, saúde e mais. Uma parceria forte e centrada nas pessoas entre duas nações do Sul global beneficia a todos”, escreveu.

A tarifa dos dois países será de 50%. De acordo com auxiliares do Planalto, o governo deve aproveitar as retaliações americanas ao mundo como uma oportunidade para o Brasil ampliar os mercados com países que também foram alvo da retaliação.

No decreto em que anunciou a retaliação à Índia, Trump ameaçou ainda outros países que importam óleo direta ou indiretamente da Rússia, caso do Brasil.

Na quarta (6), Lula disse em entrevista à agência Reuters que planejava telefonar para líderes do grupo Brics de países em desenvolvimento, começando pela Índia e pela China, para discutir a possibilidade de uma resposta conjunta às tarifas dos EUA.

O petista já tinha a intenção de telefonar para Modi desde que o indiano visitou o Brasil no início de julho deste ano. Na ocasião, Lula discursou com críticas a Trump, que já havia iniciado o tarifaço e ameaçado os países integrantes do Brics. O anúncio dos 50% aos produtos brasileiros veio dias depois.

Ainda segundo auxiliares, a ligação foi marcada na semana passada, antes da retaliação de Trump à Índia.