BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Pela primeira vez em quatro anos, o cerrado apresentou redução de alertas de desmatamento dos últimos 12 meses, mostram dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente nesta quinta-feira (7).

A amazônia, por sua vez, mesmo com um leve aumento na comparação com o ciclo anterior, teve sua segunda menor área destruída já registrada (desde 2015). O crescimento acontece após uma queda histórica em 2024.

Os dados são do Deter, monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial) que emite avisos de supressão da floresta com base em imagens de satélite. Neste sistema, a série histórica é sempre agregada pelo acumulado de agosto de um ano a julho do ano seguinte.

No intervalo de agosto de 2024 a julho de 2025, o cerrado registrou 5.555 km² de alertas de desmatamento, contra 7.014 km² no ciclo anterior, uma queda de 20%.

A última vez que o bioma havia apresentado redução neste dado foi na comparação do acumulado entre 2018 e 2019 (5.641 km²) contra 2019 e 2020 (3.922 km²) —desde então, foram quatro anos seguidos de aumento na destruição.

Na amazônia, de agosto de 2024 a julho de 2025 houve um desmatamento de 4.495 km², a segunda menor área já registrada na série histórica, que começa no ciclo de 2015 a 2016.

O dado deste ano significa um aumento de 4% na comparação com 2023/2024, que por sua vez registrou o menor acumulado da história, de 4.321 km² —foi a maior redução de destruição do bioma na série histórica (quase 50%), após o índice explodir durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Só em Mato Grosso, houve um aumento de 74% do desmatamento, o maior para um estado que integra o bioma amazônico.

As informações do Deter também mostram que, após um 2024 com recorde de queimadas e incêndios florestais, o fogo foi o principal responsável pela destruição da vegetação amazônica.

Para o pantanal, o monitoramento começou em 2023 e, portanto, esta foi a primeira vez que foi possível comparar dois anos-referência para o bioma.

O desmatamento de 2024 a 2025 foi de 319 km², 72% a menos que os 1.148 km² de ciclo anterior.

“Na amazônia é um número que não dá para comemorar, mas poderia ser bem pior. Teve um aumento e mesmo que o aumento seja pequeno, quase um empate na verdade, interrompe um ciclo de queda que vinha sendo gerado pelo próprio governo. E só não foi pior porque o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais] agiu na hora certa da forma correta com o embargo em larga escala”, afirmou o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, entidade que reúne mais de uma centena de ONGs ambientalistas.

Ele fez referência às grandes operações contra desmatamento que o Ibama realizou neste ano, no Amazonas e no Pará, e que causaram a revolta de ruralistas.

“De qualquer maneira, o número de desmatamento que temos hoje na amazônia ainda é muito grande. A gente está com a floresta à beira de um colapso e nenhum desmatamento mais pode ser aceito”, completou Astrini, que pediu ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vete a lei que flexibiliza o licenciamento ambiental, aprovada no Congresso Nacional em julho.

Para Alexandre Prado, Líder de mudanças climáticas do WWF-Brasil, a “quase estabilidade” do desmatamento na amazônia “prova que é possível combater as causas das emissões de gases de efeito estufa quando há vontade política”.

“Esses números enviam um forte recado a todos os países que estarão reunidos em novembro na COP30, de que o Brasil quer liderar pelo exemplo. Há ainda muito o que avançar, e o país precisa garantir a promessa feita na COP27 de zerar o desmatamento em todos os biomas até 2030”, afirmou.