MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – O Ministério Público do Rio Grande do Norte denunciou, nesta quinta-feira (7), o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral sob a acusação de tentativa de feminicídio. Ele está preso preventivamente por agredir a namorada com mais de 60 socos em Natal.

O processo seguirá em segredo de Justiça, de acordo com a Promotoria. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil na segunda-feira (4).

No mesmo dia, Igor escreveu uma carta na qual pediu perdão pelo ocorrido e disse que sua conduta estava “influenciada por um contexto de uso de substâncias e instabilidade emocional”.

Ele foi preso em flagrante no dia 26 e teve a prisão convertida para preventiva (sem prazo).

O ataque foi gravado por uma câmera de segurança do edifício. O vídeo mostra o momento em que o ex-jogador desfere um primeiro soco em Juliana. Ela cai no canto do elevador, e ele começa uma sequência de golpes.

O vídeo mostra que são ao menos 35 segundos com o rapaz desferindo socos na vítima sem parar. Após o ataque, a vítima se levanta com o rosto todo ensanguentado, a porta do elevador se abre e ela sai cambaleando. O agressor ajeita o chinelo no pé e sai na sequência.

Juliana relatou à Folha de S.Paulo que as discussões foram iniciadas por causa de ciúme após Igor ter visto, no celular dela, mensagens em que ela se comunicava com um amigo dele.

Ela também disse que ele já havia apresentado comportamentos agressivos anteriormente. O relacionamento durava dois anos, entre “muitas idas e vindas”.

Em depoimento à polícia, Igor declarou que sofreu um “surto claustrofóbico”.

Ela passou por uma cirurgia de reconstrução da face no Hospital Universitário Onofre Lopes, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), no dia 1º, e recebeu alta na noite de segunda-feira (4).

De acordo com o hospital, o procedimento realizado, chamado osteossíntese, visa restabelecer a estética e a funcionalidade do rosto de Juliana. O procedimento contempla a redução e fixação das fraturas com o uso de miniplacas e miniparafusos, além de uma revisão nas estruturas nasais.

A cirurgia foi bem-sucedida e “transcorreu de forma segura”, segundo o hospital. Ela pode ter sequelas por causa da extensão das fraturas no rosto, de acordo com o cirurgião-dentista responsável pelo caso.

“Diante de um trauma desta magnitude, não dá para afirmar que a paciente está livre de sequelas. Para isso, será monitorada nos próximos meses para definição do que será realizado”, afirmou Kerlison Paulino de Oliveira à Folha.

Igor foi transferido no dia 1º para a Cadeia Pública Dinorá Simas, no município de Ceará-Mirim. A defesa de Igor havia solicitado uma cela individual por questões de segurança, mas não teve o pleito atendido, porque a cadeia não tem cela individual.

Nessa mesma noite, ele afirmou ter sofrido um ataque por policiais penais, que teriam o colocado em uma cela isolada, algemado e nu, o agredido com murros, chutes, cotoveladas, além de uso de spray de pimenta. Eles teriam dito que ele havia “chegado ao inferno”.

Conforme a Seap (Secretaria da Administração Penitenciária), o caso está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria do Sistema Prisional.