Da redação

A presença constante de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas proximidades do condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, em Brasília, transformou a rotina de moradores em um verdadeiro transtorno. Desde que Bolsonaro passou a cumprir prisão domiciliar, o local tem sido palco de buzinaços, bloqueios no trânsito e movimentação intensa de viaturas policiais, provocando irritação crescente entre os vizinhos.

As queixas vieram à tona por meio de um grupo de WhatsApp de moradores, intitulado “Assuntos Gerais Solar BSB”, e foram divulgadas pelo jornal O Tempo. Mensagens compartilhadas mostram o clima de exaustão. “Tá uma loucura aqui fora! Buzinaço, polícia, corneta… um inferno!”, escreveu um morador. Outro reclamou da lentidão no trânsito: “Eu só quero chegar em casa. O trânsito não anda”.

Alguns, inclusive, recorreram à ironia para lidar com a situação. Um dos participantes chegou a sugerir a transferência de Bolsonaro para o presídio da Papuda: “Ele vai pra lá mesmo, né? Ao menos dá logo sossego pra gente e pra mais 200 milhões”.

Diante da escalada de mensagens com tom político, o síndico do condomínio interveio, pedindo que os moradores evitassem discussões partidárias no grupo, cuja proposta é tratar apenas de assuntos internos, como convivência e manutenção. A recomendação, no entanto, foi recebida com sarcasmo. Um dos membros retrucou: “Pode sim, se encaixa em ‘problemas com animais’ da quadra”.

Casa alugada com verba do partido

O imóvel onde Bolsonaro cumpre a medida cautelar é alugado e pago com recursos do PL, partido do qual ele é presidente de honra. A residência está localizada a cerca de 10 km do Congresso Nacional, em uma das regiões mais valorizadas da capital.

Prisão domiciliar foi resposta a descumprimento

A decisão de colocar Bolsonaro em prisão domiciliar foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o ex-presidente descumprir restrições impostas pela Corte. Mesmo proibido de se manifestar politicamente, ele participou por telefone de um ato no Rio de Janeiro no último domingo (3), onde manifestantes pediam anistia e criticavam o STF.

O vídeo da participação foi postado nas redes pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), mas foi excluído logo em seguida. Ainda assim, os ministros entenderam que a atitude representou uma violação direta das medidas cautelares impostas ao ex-presidente.

Enquanto o debate jurídico avança, os vizinhos do Solar de Brasília seguem lidando com os reflexos da presença de Bolsonaro no local — e com a movimentação política que passou a fazer parte, involuntariamente, do cotidiano do condomínio.