PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Um incêndio florestal no sul da França já é um dos maiores no país europeu nos últimos 70 anos, atingindo em 24 horas 160 quilômetros quadrados, área um pouco maior que a da cidade de Paris. Nove pessoas ficaram feridas e uma mulher, que segundo a polícia se recusou a deixar sua casa, morreu.
Em visita à região atingida, o primeiro-ministro François Bayrou atribuiu a “catástrofe de dimensão inédita” ao aquecimento global: “Todo mundo está vendo o que acontece. Estamos em um momento em que as mudanças climáticas se fazem sentir, acarretando eventos inéditos”.
O incêndio foi detectado no final da tarde de terça (5) e propagou-se rapidamente em uma zona entre as cidades de Perpignan e Narbonne, no departamento do Aude.
A máxima na região foi de 30°C nesta quarta, com 30% de umidade e rajadas de vento de até 70 quilômetros por hora, favorecendo a propagação das chamas.
A causa ainda é desconhecida. A frente das chamas se estendia por cerca de 50 quilômetros na tarde desta quarta (6), o que dificultava o trabalho dos mais de 2.000 bombeiros deslocados para o combate. Onze deles ficaram feridos, sendo quatro em um acidente com o caminhão em que viajavam.
Ao todo, há 13 feridos, e três pessoas estão desaparecidas.
Na cidade de Saint-Laurent-de-la-Cabrerisse, a polícia recomendou a evacuação de uma centena de moradores. Uma mulher de 65 anos negou-se a sair. As chamas atingiram sua casa, matando-a. “Ela disse que não corria nenhum risco”, afirmou o prefeito da cidade, Xavier de Volontat.
A principal estrada da região ficou fechada durante algumas horas, mas depois foi reaberta.
A região é grande produtora de vinho. Mais de 6 quilômetros quadrados de vinhedos foram destruídos.
O último grande incêndio florestal na França ocorreu em 2022, perto de Bordeaux, no sudoeste do país. Cerca de 300 quilômetros quadrados queimaram, levando à evacuação de 48 mil moradores. Em 1949, na mesma região, 82 pessoas morreram quando as chamas destruíram 500 quilômetros quadrados de uma floresta de pinheiros.
A cada verão, os incêndios florestais causam enormes prejuízos na Europa, sobretudo no sul. Na semana passada, Portugal e Espanha foram atingidos por uma onda de incêndios. Praticamente todo o território português esteve em estado de alerta, nos últimos dias, para o risco elevado de combustão, devido ao clima seco.
A Europa dispõe de um sistema de detecção de incêndios florestais por satélite. Detectores com resolução de 10 mil metros quadrados alertam para alterações repentinas da temperatura do solo. Segundo esse sistema, em 2025 incêndios já destruíram ao todo 3.600 quilômetros quadrados de matas europeias, mais que o dobro da área da cidade de São Paulo.
Desde 2006 a França dispõe de uma base de dados de incêndios florestais. Ela mostra que, daqueles cuja origem é identificada, apenas cerca de 10% têm causas naturais. Os demais são acidentais ou criminosos.