SÃO PAULO, SP E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A cidade de Santos, no litoral paulista, registrou em apenas 12 horas o triplo da chuva esperada para todo o mês de agosto, segundo a Defesa Civil do estado. No período, foram 121 mm de precipitação, enquanto o previsto para o mês era de 40,39 mm, totalizando 202,5% acima da média.
A forte chuva, presente desde a madrugada, causou alagamentos nas principais vias da cidade e pontos com concentração de lixo e outros materiais. O temporal também provocou a suspensão de serviços públicos e consultas médicas.
A força da enxurrada arrastou carros que estavam estacionados nas ruas e invadiu a garagem de alguns prédios. Até a publicação deste texto, não havia registro de vítimas.
A água interditou trechos da orla e bloqueou vias como os canais 2, 3 e 4, a rua Governador Pedro de Toledo e a avenida Martins Fontes. Os locais ficaram intransitáveis até o início da tarde, atrapalhando o deslocamento por carro e a pé. Por volta das 15h, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou que todas as vias da cidade foram liberadas para o tráfego.
Diversos bairros ficaram cobertos por sacos de lixo espalhados pela enxurrada, que não haviam sido recolhidos devido à paralisação parcial da coleta, encerrada na terça-feira (5) após oito dias.
Em publicação nas redes sociais, a prefeitura avisou no início da manhã sobre o alagamento nas principais vias da cidade pedindo para que moradores evitem sair de casa.
Um idoso caiu no Canal 3 e precisou ser resgatado por motociclistas e moradores, que o seguraram sobre as tubulações para evitar que fosse arrastado pela correnteza. O Samu não foi acionado, e não há informações sobre o estado de saúde dele.
Nas redes sociais, moradores relataram impactos do temporal. “Santos já estava cheia de lixo não recolhido nas ruas, e o pior aconteceu na madrugada: veio aquela chuva avassaladora de alagar tudo”, escreveu uma internauta no X (ex-Twitter).
Outros contaram que compromissos foram cancelados. “Meu filho tinha consulta na pediatra em Santos e foi cancelada, a médica disse que está ilhada com a garagem do prédio alagada”, publicou uma moradora.
A prefeitura informou que policlínicas como Vila Gilda, Castelo, Alemoa, Penha e Vila Nova não abriram, e outras funcionaram parcialmente. Consultas, exames e mutirões cirúrgicos serão reagendados.
A rede estadual suspendeu as aulas porque alunos e professores não conseguiram chegar em algumas das escolas. A pasta afirmou que as atividades pedagógicas serão repostas posteriormente.
A cidade ainda se recuperava da ressaca marítima da semana passada, quando ondas de quase 4 metros e ventos acima de 100 km/h atingiram a Baixada Santista. A força do mar depositou grandes quantidades de areia nos canais 1, 2 e 3, que chegaram a ficar parcialmente encobertos, dificultando o escoamento da água da chuva. Até terça (5), cerca de 960 toneladas de areia haviam sido removidas no Canal 3 em ações emergenciais de desassoreamento.
Nesta quarta (6), mais de 1.300 profissionais foram mobilizados para desobstruir drenagens, monitorar canais e vistoriar áreas de morro, de acordo com a Prefeitura de Santos. Somente no canal 3, 960 toneladas de areia haviam sido retiradas no serviço de desassoreamento concluído na véspera.
Segundo o chefe da Defesa Civil de Santos, Daniel Onias, o fenômeno foi atípico. “A junção de ventos, maré elevada e chuva concentrada ocasionou os alagamentos. As equipes continuam desobstruindo drenagens e monitorando os morros”, disse.
O órgão orienta que moradores evitem áreas alagadas, busquem abrigo em tempestades e acionem o 199 em emergências. É possível cadastrar o CEP pelo SMS 40199 para receber alertas.
RISCO DE INUNDAÇÕES PERMANENTES
O Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Universidade Santa Cecília prevê maré elevada até o fim de semana, podendo chegar a 2 metros na orla e 2,2 metros no estuário de Santos no sábado (9), às 15h -cerca de 40 cm acima da tábua de marés.
A quinta-feira (7) deve ter sol entre nuvens, mínima de 16°C e maré alta. Uma nova frente fria chega na sexta (8), trazendo pancadas de chuva. No sábado, a previsão é de chuva contínua de fraca a moderada intensidade.
As autoridades alertam que, caso as previsões se confirmem, há risco de alagamentos persistentes durante os períodos de maré alta, especialmente se combinados com os altos volumes de chuva. Pode haver inundações costeiras pontuais mesmo na ausência de chuva.
Outras cidades da Baixada Santista também registraram muita chuva e transtornos. Em Guarujá, por exemplo, foram 100 mm de precipitação, segundo a Defesa Civil, o que deixou a cidade em estado de atenção. De acordo com a prefeitura, diversas vias ficaram alagadas.
Em Praia Grande, o volume nas últimas 24 horas foi de 62 mm, mas não houve ocorrências graves. Em Itanhém, foram registrados 61,1 mm de precipitação.
Na cidade de São Vicente, choveu 23,2 mm e a Defesa Civil monitora os pontos mais críticos, acordo com a prefeitura. São sete pontos de alagamentos transitáveis no município.
