BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS0 – A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e a farmacêutica EMS anunciaram nesta quarta-feira (6) a assinatura de acordo para o laboratório público produzir liraglutida e semaglutida, medicamentos voltados ao tratamento da obesidade e diabetes e que são conhecidos como canetas emagrecedoras.
“Os acordos estabelecem a transferência de tecnologia da síntese do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e do medicamento final para Farmanguinhos, unidade técnico-científica da Fiocruz”, afirma nota divulgada pela fundação.
A EMS iniciou neste mês a venda em farmácias dos primeiros medicamentos injetáveis à base de liraglutida fabricados no Brasil. O produto é um análogo do GLP-1, hormônio produzido no intestino que atua no controle dos níveis de glicose no sangue e nos mecanismos de saciedade, e tem o mesmo princípio ativo usado nos medicamentos Victoza e Saxenda, da Novo Nordisk.
A farmacêutica recebeu em dezembro do ano passado a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para comercializar as canetas.
A Fiocruz não apontou uma data para começar a produção e disse que inicialmente a fabricação será realizada em instalações da EMS, em Hortolândia (SP). “Até que toda a tecnologia de produção seja transferida para o Complexo Tecnológico de Medicamentos de Farmanguinhos, no Rio de Janeiro”, segundo o laboratório público.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), disse que a produção em laboratório público pode impulsionar o fornecimento das canetas pelo SUS.
“Estamos na etapa de estimular estudos que mostrem, por exemplo, a utilização desses produtos para pessoas que estão esperando uma cirurgia bariátrica. Se mostrar dados firmes e fortes de que há um grande benefício de incorporação, pode vir vir a ser incorporado [à rede pública]”, disse Padilha após o anúncio da parceria, feito em evento da Esfera Brasil e da EMS sobre a indústria farmacêutica.
Padilha também afirmou que a Anvisa chamará empresas interessadas em comercializar os produtos voltados à diabetes e emagrecimento. A agência “quer registrar o mais rápido possível”, segundo o ministro.
“O governo quer que o Brasil entre de vez, domine essa tecnologia dos peptídeos [como os análogos do GLP-1], que hoje são utilizados para diabetes, para emagrecimento, mas essa tecnologia pode vir a ser utilizada para outras doenças no futuro, como câncer e doenças autoimunes”, afirmou o ministro.
A EMS passou a comercializar as primeiras versões nacionais de medicamentos injetáveis à base de liraglutida: as canetas Olire, para obesidade, e Lirux, utilizado no tratamento de diabetes tipo 2. A diferença entre os dois medicamentos será a dosagem.
O Olire é indicado para adultos e adolescentes a partir de 12 anos com obesidade ou adultos com sobrepeso portadores de outras doenças relacionadas, como diabetes, pré-diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial. Já o Lirux é indicado para pacientes adultos, adolescentes e crianças acima de 10 anosde idade com diabetes mellitus tipo 2.
Padilha também disse que o fim dos prazos de validades de patentes de canetas emagrecedoras será uma oportunidade de redução do preço dos produtos.
A farmacêutica Novo Nordisk tenta, agora no STJ (Superior Tribunal de Justiça), estender o prazo de validade da patente do Ozempic, uma das canetas mais populares, que expira em março de 2026.
À espera da queda da patente, empresas EMS, Biomm e Hypera Pharma já se preparam para lançar genéricos à base de semaglutida.