BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) cobrou nesta quarta-feira (6) ação de empresários contra a oposição que, segundo o chefe da equipe econômica, “atrapalha” a relação entre Brasil e Estados Unidos. A declaração foi dada no dia em que entra em vigor a sobretaxa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros.

“O empresariado tem que agir também em relação à oposição. A oposição está atrapalhando o país. Não sou eu que estou dizendo, é a oposição que está dizendo. […] Tem uma entrevista em um jornal de um líder da oposição da extrema direita brasileira dizendo que vai fazer o possível para continuar atrapalhando o país”, disse.

Na fala, Haddad fez referência à entrevista do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao jornal O Globo, na qual o filho de Jair Bolsonaro disse que ou tem “100% de vitória, ou 100% de derrota. Ou saio vitorioso e volto a ter uma atividade política no Brasil ou vou viver aqui décadas em exílio”.

Eduardo Bolsonaro e a família estão nos Estados Unidos desde o primeiro trimestre. O parlamentar dizia atuar diretamente junto ao governo de Donald Trump em busca de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O decreto assinado por Trump, que implementou as tarifas sobre o Brasil, trouxe elementos políticos para a negociação entre os países. A ordem executiva cita o nome de Jair Bolsonaro (PL) e diz que o ex-presidente —réu no STF em processo que apura trama golpista em 2022— sofre perseguição da Justiça brasileira.

O governo Donald Trump também impôs no último dia 30 sanções financeiras ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, por meio da chamada Lei Magnitsky.

Nesta segunda (4), Moraes determinou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, sob a alegação de que o ex-presidente descumpriu determinação anterior ao aparecer em vídeos exibidos por apoiadores durante manifestações. Bolsonaro estava proibido de usar redes sociais, mesmo que por intermédio de outras pessoas.

A decisão do ministro do STF ampliou a pressão bolsonarista sobre a cúpula do Congresso Nacional. Nesta terça (5), deputados e senadores de oposição, majoritariamente do PL, sentaram nas mesas dos plenários da Câmara e do Senado com a intenção de impedir as sessões plenárias na retomada dos trabalhos do Congresso após o recesso.

No Legislativo, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reagiram à pressão bolsonarista por medidas mais drásticas contra o STF.

Alcolumbre, que também preside o Congresso Nacional, classificou como arbitrária a ocupação das mesas diretoras. Motta declarou que agirá para que os interesses da população não fiquem em segundo plano. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criticou a atitude do presidente da Casa e falou em tratamento “de forma humilhante”.