Da redação
O senador goiano Wilder Morais (PL) assumiu protagonismo entre os parlamentares da oposição que, desde a noite de terça-feira (5), ocupam as Mesas Diretoras do Senado e da Câmara dos Deputados. A mobilização, conduzida por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, contesta a recente decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro.
Nas redes sociais, Wilder tem compartilhado atualizações em tempo real do protesto, cobrando um posicionamento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. “Estamos em obstrução da Mesa. Só sairemos quando o diálogo for aberto e o ‘Pacote da Paz’ entrar em pauta”, escreveu. O senador defende que a proposta, que inclui pedidos de anistia, fim da censura, revisão do foro privilegiado e o impeachment de Moraes, seja votada com urgência. “É pela liberdade, pela democracia, pelo direito de expressão. Não vamos recuar”, afirmou em um dos vídeos publicados.
Medidas contra Bolsonaro acendem tensão
A movimentação no Congresso teve início após a decisão do STF que colocou Bolsonaro em prisão domiciliar por tempo indeterminado. A medida foi motivada por publicações nas redes sociais em que o ex-presidente agradecia aos apoiadores que participaram de atos em sua defesa, no domingo (3). De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro descumpriu ordens judiciais anteriores que o proibiam de se manifestar nas redes, ainda que por intermédio de terceiros.
Além da prisão domiciliar, o ex-presidente está impedido de usar celulares e só pode receber visitas de familiares residentes na mesma casa — como sua esposa, Michelle Bolsonaro, e a filha do casal — ou advogados previamente autorizados. As visitas também seguem regras rígidas: nada de gravações ou uso de aparelhos eletrônicos.
O STF também mantém restrições adicionais, incluindo a proibição de contato com embaixadas e autoridades estrangeiras, o que reforça o isolamento do ex-presidente enquanto responde na Justiça.
Julgamentos à vista
Bolsonaro é réu em ação penal que apura tentativa de golpe de Estado e tem julgamento marcado para o próximo mês. Ele também é investigado pelo envio de recursos financeiros para o exterior via Pix, supostamente para bancar a permanência de seu filho, Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos durante articulações com aliados de Donald Trump.
O cenário tem elevado a temperatura em Brasília, e o grupo liderado por Wilder promete manter a ocupação até que suas demandas ganhem espaço formal na agenda do Congresso.