SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A instabilidade gerada pela guerra comercial do presidente dos EUA Donald Trump gerou efeitos no mercado de transporte marítimo e fez com que o volume de cargas movimentadas no Porto de Santos batesse recorde em julho, superando 17,2 milhões de toneladas.

Segundo a APS (Autoridade Portuária de Santos), os dados indicam uma corrida de exportações após o anúncio de que produtos brasileiros receberão uma sobretaxa de 50% ao chegarem aos Estados Unidos.

O embarque de granéis sólidos no mês passado subiu 10% na comparação com julho de 2024, chegando a 900 mil toneladas transportadas. Em seguida estão contêineres, com alta de 4% e 200 mil toneladas enviadas, e cargas soltas, que subiram 9%, com 85 mil toneladas despachadas.

Existe ainda a expectativa de que granéis líquidos, como combustíveis, solventes e outros, cujos dados completos ainda não foram compilados, tenham fechado o mês com um resultado 10% maior.

“Este dado confirma o que já tínhamos afirmado na primeira quinzena do mês, de que havia um aumento expressivo dos embarques no Porto”, disse em nota Anderson Pomini, presidente da APS.

Há uma semana, Trump assinou o decreto confirmando a aplicação de sobretaxa de 50% a produtos brasileiros. A medida, contudo, prevê uma lista com quase 700 exceções, como derivados de petróleo, componentes de aviação civil e suco de laranja.

A nova tarifa sobre os produtos brasileiros passa a valer nesta quarta (6).

De acordo com o Porto de Santos, o dado consolidado será fechado nas próximas semanas conforme os 53 terminais forem enviando o volume de cargas transportado no mês.

Ao longo do ano, a movimentação de carga nos terminais foi bastante semelhante, sempre na casa das 16 milhões de toneladas. As exceções ficaram para o início do ano, em janeiro e fevereiro, com 11,6 milhões e 13,1 milhões, respectivamente.

Em março, o volume transportado subiu para 16 milhões de toneladas, equiparando a máxima histórica registrada pela APS, mas desacelerou para 14,8 milhões em abril, mês em que Donald Trump iniciou o tarifaço contra diversos países e aplicou taxas de 10% sobre produtos brasileiros.

Em maio, a autoridade portuária registrou o que até então era seu recorde histórico, com 16,6 milhões de toneladas enviadas ao exterior, dado que se manteve em junho, com 16 milhões, e disparou em julho, quando Trump anunciou a pior alíquota imposta a um país enquadrado na guerra comercial.

Na semana passada, diversos aeroportos também apontaram aumento expressivo nos envios e pedidos de agendamento para despachar cargas para os Estados Unidos. Em Guarulhos, por exemplo, os principais produtos enviados foram calçados, frutas, cimento, automotivos e peças agrícolas, fabricados em cidades no interior de São Paulo, Bahia e Espírito Santo.