RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta terça-feira (5) que o governo Lula (PT) está buscando o diálogo com os Estados Unidos em meio ao plano americano de sobretaxar parte das exportações brasileiras em 50% a partir de quarta (6).
Ceron falou em “avanços importantes nessa aproximação” e declarou que o país do presidente Donald Trump continua sendo um parceiro comercial do Brasil.
“A gente espera, por um lado, que consiga convergir. Tem uma relação histórica com o governo americano, e vai continuar. É um parceiro, um amigo do Brasil, e a gente vai encontrar um caminho”, disse o secretário em entrevista no Rio de Janeiro.
Antes, Ceron participou do 2º Encontro do Centro de Política Fiscal e Orçamento Público, promovido pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Em um discurso na abertura do evento, o secretário disse que a política fiscal do Brasil deve ser analisada em conjunto com outras variáveis e também serve de instrumento para “conquistas” na área social.
Nesse sentido, ele destacou indicadores como a queda do desemprego e da desigualdade em meio à adoção de medidas como o reajuste do salário mínimo.
A valorização do mínimo impacta as contas do governo, mas gera retorno positivo para a economia, defendeu Ceron. “O debate é muito mais complexo e acaba tendo um viés só fiscalista”, disse.
O secretário ainda indicou que o governo vem trabalhando para reduzir o déficit primário na comparação com gestões anteriores.
“Vejo a política fiscal indo para um patamar que seria razoavelmente saudável em qualquer outro lugar no mundo”, disse.
As ações do governo Lula para o equilíbrio das contas públicas, contudo, são frequentemente questionadas por parte dos economistas.
“Se você olhar países comparáveis, o Brasil não está destoante do mundo. Está até bem posicionado, e tem uma característica de dívida em moeda local, uma condição muito melhor, mais razoável de lidar com ela”, afirmou Ceron.
O secretário ainda defendeu um debate sobre ajustes no sistema previdenciário, que sente a pressão do envelhecimento da população.
“Quando você olha um horizonte de dez anos, inevitavelmente é um debate a ser feito”, disse.
“Já falei isso em algumas entrevistas com algum cuidado: ou a gente se prepara para uma grande reforma, ou o país tem que se acostumar e tornar natural [fazer] pequenas reformas da Previdência”, acrescentou, em outro momento do encontro.
PLANO CONTRA TARIFAÇO
Sem entrar em detalhes, Ceron reafirmou que o governo Lula trabalha em um plano para mitigar os efeitos do tarifaço dos Estados Unidos.
A ideia, segundo ele, é preservar empresas e trabalhadores de atividades que podem ter exportações sobretaxadas em 50%.
“Não posso realmente antecipar [as medidas], mas é óbvio que o espírito do conjunto de apoio é preservar as empresas, as atividades e os trabalhadores. Existem inúmeras possibilidades, mas o objetivo sempre é esse.”