SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O PL, partido de Jair Bolsonaro, divulgou uma resolução que proíbe filiados com mandato eletivo de manifestarem apoio a pré-candidaturas de outras legendas.
Embora a resolução tenha sido assinada na semana passada, no dia 29 de julho, ela foi divulgada pelo PL nesta terça-feira (5), dia seguinte à prisão domiciliar de Bolsonaro. Apesar de ser aclamado por aliados como possível candidato à Presidência da República nas eleições de 2026, o ex-presidente está inelegível.
“Fica vedado a todos os detentores de mandato eletivo, eleitos pelo Partido Liberal, em todo território nacional, manifestação pública de apoiamento em todas as suas formas, a pré-candidatos (as) de outras agremiações partidárias”, diz o documento, assinado pelo presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto.
A medida se aplica a deputados federais, estaduais, vereadores, prefeitos, governadores e senadores filiados ao PL. Quem descumprir a resolução, segundo o partido, será impedido de receber recursos dos fundos partidário e eleitoral e pode ter uma eventual candidatura cancelada nas próximas eleições.
Um auxiliar do PL explicou à Folha de S.Paulo que a resolução se refere especialmente às costuras políticas feitas nos estados e que é uma forma de lembrar aos filiados de sempre se reportarem à direção nacional. Além disso, num momento em que o partido tem crescido, ele afirma ser importante tentar passar uma imagem de unidade. Ele negou que a resolução tenha relação com a situação atual vivida por Bolsonaro.
No início da noite de ontem, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro por considerar que o ex-presidente descumpriu as medidas cautelares impostas.
Nesta terça, parlamentares do PL protestaram no Congresso Nacional e afirmaram que vão obstruir sessões na Câmara e no Senado até que sejam pautados temas de interesse do bolsonarismo, como a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, fim do foro privilegiado e impeachment de Moraes.
Enquanto o bolsonarismo tem escalado a tensão com Moraes e o STF, alguns aliados do ex-presidente têm se voltado ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para que assuma uma eventual interlocução entre Bolsonaro e a Corte de forma a tentar livrá-lo de uma prisão em regime fechado.
Tarcísio é visto por líderes partidários de direita e centro-direita como um possível presidenciável em 2026 e herdeiro de boa parte do eleitorado bolsonarista. Publicamente, o governador nega a pretensão de se candidatar à Presidência e diz ser pré-candidato à reeleição em São Paulo.
Dentro do PL, há quem defenda que Tarcísio seja o candidato apoiado pelo partido à Presidência. No entanto, o governador também nega o interesse em trocar o Republicanos pela sigla.
Outro dirigente do PL ouvido pela reportagem disse que o partido, que antes era dividido entre “PL raiz” e “PL bolsonarista”, está se fechando no bolsonarismo. Um exemplo disso seria a expulsão, na semana passada, do deputado Antonio Carlos Rodrigues (SP) após ele ter criticado o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo tarifaço de 50% a produtos brasileiros e pelas sanções a Moraes.
O partido possui a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 87 deputados.