BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A reprovação ao desempenho dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) subiu oito pontos percentuais, de acordo com pesquisa do Datafolha, e chegou a 36%, superando o índice de aprovação, de 29%.

Os números representam uma piora em relação a março do ano passado, quando os que declararam ser ruim ou péssimo o trabalho do STF (28%) estavam no mesmo patamar do total daqueles que o classificavam como bom ou ótimo (29%).

A pesquisa do Datafolha foi realizada nos dias 29 e 30 de julho -com margem de erro máxima de dois pontos percentuais para mais ou para menos-, antes de Alexandre de Moraes decretar, na segunda-feira (5), a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), mas cerca de dez dias depois de uma série de medidas restritivas em relação ao ex-presidente, como o uso de tornozeleira eletrônica.

O STF está há alguns anos no centro de embates políticos que o tem colocado na mira de parte do Congresso e do bolsonarismo.

Na mesma pesquisa, o instituto questionou os entrevistados sobre as restrições a Bolsonaro na ocasião -e a maioria, 55%, disse que a decisão do ministro foi correta.

Desde a derrota eleitoral de Bolsonaro para Lula (PT) em outubro de 2022, a avaliação positiva do STF se manteve próxima aos 30% de acordo com as quatro pesquisas do Datafolha realizadas no período.

Já a reprovação apresentou uma volatilidade para cima ou para baixo nessas pesquisas.

No final de 2022, período da transição de Bolsonaro a Lula, estava em 30%. Um ano depois, e após os desdobramentos políticos e jurídicos dos ataques golpistas à sede dos três Poderes em Brasília, a avaliação negativa subiu a 38%.

Pouco mais de três meses depois, em março de 2024, ela desceu a 28%, o segundo menor nível desde que o Datafolha passou a aferir a avaliação dos 11 ministros da corte, em 2019, em meio ao desenrolar das investigações sobre a trama golpista do final de 2022.

Há uma divisão clara de percepção popular sobre o STF quando há o recorte político. A reprovação ao trabalho dos ministros é expressivamente maior entre simpatizantes do PL de Bolsonaro (81% contra apenas 2% de aprovação), o oposto do que ocorre entre petistas, onde a avaliação positiva supera em muito a negativa (56% a 9%).

Uma das principais bandeiras do bolsonarismo é a anistia aos condenados pelo Supremo devido aos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, além da volta da elegibilidade de Bolsonaro -que por ora está fora do páreo eleitoral devido a duas decisões da Justiça Eleitoral, além de estar na mira do STF devido ao caso da trama golpista.

A anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro é rejeitada pela maioria da população, mostra o Datafolha: 55%, ante 35% que a defendem.

O Datafolha também mensurou a percepção da população sobre o que influencia mais as decisões da Justiça brasileira como um todo, se interesses próprios ou os interesses da coletividade, e qual camada da sociedade, pobres ou ricos, são mais bem tratadas.

Assim como ocorre no caso dos congressistas, a maior parte dos entrevistados enxerga motivações pessoais prevalecendo sobre os interesses da sociedade, além de verem ricos sendo mais beneficiados do que pobres.

De acordo com o Datafolha, 68% dos entrevistados disseram que o Judiciário pensa mais nos próprios interesses, contra 27% que dizem ver as demandas da população priorizadas. A percepção de ricos mais bem tratados (71%) que pobres (4%) é ainda maior.