SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Embraer anunciou nesta terça-feira (5) que registrou um prejuízo líquido de R$ 53,4 milhões no segundo trimestre deste ano. No mesmo período de 2024, a fabricante brasileira teve lucro de R$ 415,7 milhões.

Apesar disso, as receitas tiveram um crescimento de quase 31% em relação ao segundo semestre do ano passado e chegaram a R$ 10,3 bilhões no mesmo período de 2025, o que representa um recorde histórico para um segundo trimestre da companhia.

No segundo trimestre, a Embraer entregou 61 aeronaves, aumento de 30% em relação ao mesmo período de 2024. Ao dividir por segmento, foram entregues 19 jatos comerciais (dez do modelo E2 e nove do modelo E1) e 38 jatos executivos (21 leves e 17 médios). Já o segmento de defesa entregou quatro aviões, todos do modelo A-29 Super Tucano.

A carteira total de pedidos atingiu US$ 29,7 bilhões no segundo trimestre, um novo recorde histórico para a empresa.

A Embraer manteve as estimativas de entregas para 2025. A previsão é que sejam entregues de 77 a 85 aeronaves comerciais e de 145 a 155 aviões executivos (jatinhos).

A empresa prevê uma receita total entre US$ 7 e US$ 7,5 bilhões para este ano, com margem EBIT ajustada entre 7,5% e 8,3% e fluxo de caixa livre ajustado de pelo menos US$ 200 milhões.

De acordo com a companhia, os resultados do segundo trimestre não foram significativamente impactados pelas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos (EUA). Apesar disso, para este ano, a Embraer prevê um custo de US$ 65 milhões em pagamento de tarifas na exportação de componentes para os EUA -até o momento, 20% desse valor já incindiu sobre as contas da empresa.

Apesar de ter sido incluída na lista de exceções do tarifaço de Donald Trump, a Embraer ainda é impactada pela sobretaxa de 10% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente americano em abril. Segundo Francisco Gomes Neto, CEO da fabricante, a empresa vem trabalhando para que essa tarifa seja reduzida a zero novamente.

Ainda de acordo com o executivo, as negociações têm acontecido diretamente com o governo americano e também por meio do governo brasileiro.

“Com base nos outros acordos que a gente vem observando em outros países, que trazem aviação de volta para a alíquota zero, nós temos uma boa expectativa de que isso venha a acontecer conosco também. E aí vai permitir que a gente continue com os mesmos planos de anteriormente”, disse.

Questionado se a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes nesta segunda-feira (4), poderia causar algum impacto nas negociações do tarifaço, Gomes Neto não quis comentar.

“Com relação a parte política, a gente não tem como comentar, porque a gente não entra nesse campo. Nós focamos realmente o campo econômico. E, como eu falei, a gente tem uma tese muito robusta para defender.”

Durante a entrevista a jornalistas, a Gomes Neto disse também que há a expectativa de que a Eve, empresa controlada pela Embraer, faça o voo inaugural de seu eVtol (veículo elétrico de pouso e decolagem na vertical, também conhecido como carro voador) em dezembro deste ano.