RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nesta terça (5), a Operação Rede Obscura, com o objetivo de combater provedores de internet suspeitos de ligação com o tráfico de drogas na na zona norte da capital.
De acordo com as investigações, essas empresas contavam com apoio logístico de criminosos armados, que impediam a entrada de operadoras licenciadas. Durante as investigações, técnicos relataram, ainda, casos de sabotagem à rede de cabos de fibra óptica.
A operação foi conduzida por agentes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados e da 38ª DP (Brás de Pina), com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais, que saíram para cumprir 17 mandados de busca e apreensão. A Justiça autorizou a quebra de sigilo de dados dos materiais apreendidos. Duas pessoas foram levadas à delegacia e um homem foi preso em flagrante por receptação.
Em um dos endereços, no bairro do Quitungo, o esquadrão antibombas precisou ser acionado para remover um morteiro. Já na Tijuca, policiais tiveram que arrombar uma loja localizada no morro do Borel.
O delegado Pedro Brasil, que coordenou a operação, afirmou a jornalistas que o tráfico impôs um verdadeiro monopólio dos serviços de internet. Segundo ele, o monitoramento revelou a existência de duas empresas principais, cada uma associada a uma facção criminosa.
Uma delas operava no morro do Quitungo com apoio do Comando Vermelho. A empresa tem como responsável Rogério Nascimento, que já possui antecedentes por tráfico de drogas, furto de energia e receptação. Em depoimento, segundo a polícia, Nascimento afirmou ter recebido propostas de facções para expandir os serviços para outras comunidades e admitiu repassar dinheiro a líderes do tráfico. Sua defesa não foi localizada.
Outra investigada é suspeita de ser vinculada ao Terceiro Comando Puro, com atuação em Cordovil, Cidade Alta e regiões nas proximidades. O proprietário já havia sido preso em flagrante por receptação qualificada, após a polícia encontrar, em um galpão na Penha, cabos pertencentes a operadoras regulares e veículos sem documentação fiscal.
Os advogados das duas empresas negaram qualquer vínculo com o crime organizado e afirmam que ambas são legalizadas junto à Anatel.
Segundo a polícia, moradores dessas áreas não têm liberdade para escolher o provedor de internet, sendo obrigados a contratar os serviços das empresas controladas pelo tráfico. Quem tenta buscar outras opções sofre ameaças.