Walison Veríssimo

A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, acendeu uma série de ataques ao Supremo Tribunal Federal entre lideranças do PL em Goiás. Nas redes sociais, aliados acusaram o magistrado de agir politicamente e disseram que o país caminha para um cenário de exceção.

O prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa, foi um dos mais duros: “O que estão fazendo é inaceitável. Sem crime, sem julgamento. É perseguição política descarada. Bolsonaro não roubou, não matou. Está preso porque atendeu um telefone e falou com correligionários. Isso é vingança”, disse, afirmando que o objetivo seria “calar a direita brasileira a partir do seu maior líder”.

O vereador goianiense Oseias Varão fez paralelo com a Venezuela. Segundo ele, o mesmo modelo de perseguição utilizado por Nicolás Maduro contra opositores estaria sendo reproduzido no Brasil. “Essa prisão é ilegal, não teve solicitação da PGR e se baseia num crime inexistente: questionar o processo. É uma cortina de fumaça para encobrir escândalos”, declarou.

Já o ex-deputado estadual Fred Rodrigues afirmou que a medida apenas confirma a imagem de Moraes como “violador de direitos humanos”. “Ele tenta mostrar força, mas seu poder começa a se esvaziar à medida que Bolsonaro mobiliza milhões sem sequer sair de casa”, disse.

O senador Wilder Morais destacou que as manifestações do último fim de semana evidenciam “a força da direita e a unidade em torno de Bolsonaro”. Para ele, a prisão é “claramente política” e não vai enfraquecer o movimento. “Seguiremos firmes na defesa da liberdade e da democracia”, afirmou.

Presidente do PL em Goiânia, o deputado federal Gustavo Gayer também reagiu. Classificou a decisão como “a coisa mais abjeta” e disse que a estratégia do ministro é ir “aniquilando” Bolsonaro aos poucos para evitar comoção popular. Ele ironizou o argumento de Moraes de que a saudação de Bolsonaro a apoiadores no ato de Copacabana teria sido “material pré-fabricado” para coagir o STF.

A prisão foi determinada no inquérito que apura a suposta tentativa de golpe após a eleição de 2022. Moraes sustenta que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares ao falar remotamente a apoiadores no Rio de Janeiro e determinou o recolhimento do celular usado na transmissão.