RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Enquanto analisa sua maior descoberta de petróleo em 25 anos, a BP (antiga British Petroleum) já planeja para 2026 a perfuração do primeiro poço em outra área também considerada promissora no pré-sal da bacia de Santos.

A petroleira britânica disse à reportagem que a campanha exploratória do bloco Tupinambá, também na bacia de Santos, está programada para 2026. O bloco é adjacente a Bumerangue, onde a BP diz ter feito uma descoberta relevante de petróleo e gás, e já é alvo de um pedido de licenciamento ambiental para poço exploratório.

Como Bumerangue, Tupinambá pertence 100% à BP. Foi arrematado em leilão da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) em 2023, por R$ 7,6 milhões, em valores corrigidos pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O contrato garante à União 6,5% do petróleo produzido, após desconto de investimentos e custos de operação.

Segundo o consultor Pedro Zalán, geólogo que fez carreira na Petrobras, o bloco Tupinambá tem uma potencial superior ao Bumerangue, mas a confirmação da existência ou não de petróleo depende da perfuração de poços.

Com a descoberta no bloco vizinho, porém, as expectativas aumentam. O pedido de licença para o primeiro poço para Tupinambá foi protocolado no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) em 2024 e ainda está em fase inicial.

A região onde estão os dois blocos da BP ainda não tem produção de petróleo e gás. É uma área localizada a mais de 400 quilômetros da costa, no limite do polígono do pré-sal. Está bem mais distante, por exemplo, de Tupi, o maior campo produtor do país, que fica a 300 quilômetros da costa.

Ao lado dos dois blocos, e já fora do polígono do pré-sal, há uma terceira concessão, Puri, arrematada pela norueguesa Equinor no último leilão de áreas exploratórias da ANP, em junho. O anúncio da descoberta da BP animou todo o setor, pela possibilidade de abertura de um novo polo de produção no pré-sal.

A confirmação da viabilidade de Bumerangue, porém, depende ainda de análises, reforçou a BP em nota enviada à reportagem. “Ainda é cedo para uma declaração de comercialidade [etapa em que a empresa comunica à ANP que vai investir na produção]”, afirmou.

Segundo o edital do leilão que concedeu a área de Bumerangue, a BP tem sete anos, a partir da assinatura do contrato, para explorar a área e decidir pela declaração de comercialidade ou pela devolução do bloco, caso a descoberta não seja viável.

“Ainda não há estimativas de volume [de óleo e gás no reservatório]. A BP dará início a análises laboratoriais para caracterização do reservatório e dos fluidos. Novas etapas de avaliação estão previstas, sujeitas à aprovação regulatória”, disse a empresa.

A BP informou que o reservatório tem elevado teor de CO2, o que pode dificultar a produção, já que são altos os custos de separação e reinjeção deste gás nos poços. A presença de CO2 é comum nos reservatórios do pré-sal e demandou da Petrobras grande esforço para produzir nos campos gigantes da região.

Segundo a BP, a questão do CO2 será aprofundada com análises técnicas e atividades de avaliação adicionais.

“A descoberta fortalece o papel do Brasil no fornecimento global de energia e pode gerar impactos positivos futuros como investimentos, empregos, royalties e aumento da produção, embora ainda seja prematuro prever a magnitude e prazos”, concluiu a companhia.