SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O secretário executivo da prefeitura de Belém para a COP30, André Godinho, rebateu as críticas sobre a hospedagem para a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, programada para novembro na capital do Pará.
“Estão falando mais sobre o problema dos hotéis do que o problema do mundo. A COP é um evento de arquitetura? De padrão de imóveis? Ou é um evento climático para falar dos problemas e impactos que estamos sofrendo?”, disse nesta segunda-feira (4) em evento da Aya Earth Partners, que faz parte da Semana do Clima de São Paulo.
“Vai ter COP em Belém, queira sim, queira não, queira alguém que está lá do outro lado do mundo reclamando que não vai ter”, afirmou.
Como a Folha de S.Paulo revelou, um grupo de 25 negociadores da COP30 assinou um documento no qual sugerem que, se os preços exorbitantes de hospedagem no Pará não forem resolvidos, o evento deveria, ao menos em parte, acontecer em outro local.
Godinho comparou a realização da cúpula climática com a procissão do Círio de Nazaré, que recebe milhares de pessoas a cada ano: “Dá certo há décadas, de um jeitinho ou de outro”.
“Não dá para esperar que se tenha a estrutura de que muitos esperavam, de hotéis ultra luxuosos, porque a nossa economia nem permite isso, mas que o mundo veja esse ambiente e compreenda de que forma pode colaborar, ao invés de ficar só mostrando defeitos ou falhas como se não tivessem defeitos e falhas nos seus lugares também”, disse à reportagem.
“É exatamente por essa questão que Belém foi escolhida, para que o mundo veja as problemáticas e dificuldades que uma cidade na amazônia enfrenta”, afirmou.
O secretário disse que Belém não é o único local com gargalos de saneamento e desigualdade: “Chega de dedo apontado, está na hora de estender mais a mão e ajudar os problemas de Belém e da amazônia, afinal de contas, não é a amazônia que é a solução do mundo?”.
Na última quinta-feira (31), o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, confirmou que alguns países pediram que a cúpula não aconteça em Belém e criticou a postura do setor hoteleiro, de cobrar valores muito mais altos do que o normal para a hospedagem no período da reunião.
Nesta segunda, Corrêa do Lago disse que o Brasil deve se unir em torno da realização da cúpula na capital paraense, sem citar diretamente a questão da hospedagem.
Godinho afirmou que a prefeitura tem pouca ingerência sobre a questão, mas que vem dialogando com os hotéis.
“O setor hoteleiro precisa compreender que existe um caminho de prosperidade depois, para que essas tarifas se reduzam e eles possam ter, ao invés de um círculo positivo até novembro, para além de novembro”, afirmou.
Para Godinho, o turismo é a maior fonte de renda que Belém pode ter com a COP30. “Não tenho dúvidas que é a principal matriz econômica que Belém pode desenvolver nesse momento, seja turismo cultural, religioso, de negócios, de experiência, de floresta, que a gente tem que precisa ser melhor trabalhado cada vez mais”, disse.