BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu na trama golpista de 2022, classificaram sua prisão domiciliar, decretada nesta segunda-feira (4) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), como revanche e sinal de que o país vive um estado de exceção.

O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, soltou nota em letras maiúsculas: “ESTOU INCONFORMADO!!!!! O QUE MAIS POSSO DIZER?”

Ao decretar a prisão, Moraes menciona o fato de Bolsonaro ter, por meio de ligações telefônicas, se dirigido a manifestantes dos atos bolsonaristas deste domingo (3) e, mais do que isso, o fato de que as mensagens dele foram reproduzidas em redes sociais.

Desde o dia 18 de julho, o ex-presidente está proibido de usar redes sociais próprias e de terceiros e de sair de casa à noite e aos fins de semana, o que impossibilitou sua presença nos protestos. Uma saudação dele aos manifestantes foi feita, por exemplo, por meio de ligação ao filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ), no ato do Rio de Janeiro. O senador chegou a postar um vídeo com esse registro em suas redes sociais e depois apagou.

Aliados de Bolsonaro relacionaram a ordem de Moraes ao que entendem como uma resposta política à mobilização social a favor da anistia do ex-presidente -em São Paulo, o público do ato foi de 37,6 mil pessoas, segundo contagem do Monitor do Debate Político do Cebrap e da ONG More in Common.

Para o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), a “ditadura foi declarada”.

“Agora o trancam dentro da própria casa, como um criminoso. Sem crime. Sem julgamento. Sem defesa. Isso não é justiça, é vingança política! Hoje, a história registrou: acabou a democracia no Brasil. Não há mais instituições, há tiranos com toga”, escreveu nas redes sociais.

“O Brasil vive um Estado de exceção. Isso é um fato, e o mundo vê. É inadmissível o que está acontecendo no país”, afirmou o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ). “A luta agora é pelas cinco assinaturas que faltam para o pedido de impeachment [de Moraes] protocolado no final do ano passado. Nunca estivemos tão próximos”, declarou.

“Estou indignada, mas não estou surpresa”, afirmou a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra do governo Bolsonaro. “Já esperávamos que ele fizesse isso. Mas, Bolsonaro, fica firme. Aguenta mais um pouco. O Brasil está acordando, o mundo está acordando”, declarou.

Presidente do PP e ex-ministro de Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PI) afirmou que se trata de um dia triste. “A prisão domiciliar do presidente Bolsonaro, antes mesmo do julgamento, é um fato jurídico com que ninguém pode concordar. Ainda acredito que a Justiça irá prevalecer no final”, escreveu em seu perfil no X, antigo Twitter.

“Essa prisão a prestações que ele [Moraes] está aplicando no Bolsonaro, e que não surpreende ninguém, está aviltando a figura do juiz e do Judiciário brasileiro”, afirmou o senador Esperidião Amin (PP-SC). O senador disse que o ministro não é imparcial.