BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou a ausência nos atos de domingo (3) de governadores de direita, candidatos à sucessão de Jair Bolsonaro (PL), como um “erro estratégico gigante”.
O filho mais velho do ex-presidente falou com a reportagem nesta segunda-feira (4). Ele afirmou este é o momento em que vê quem está disposto a “resgatar a nossa democracia junto com a gente”.
Flávio evitou citar nomes, mas estiveram ausentes os governadores Tarcísio de Freitas (PL), de São Paulo; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás.
Apenas Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, e Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, compareceram. Ambos são pré-candidatos ao Senado em 2026.
“Achei um erro estratégico grande a ausência dos demais. No momento em que Bolsonaro mais precisa, estava em prisão domiciliar no domingo, é que sabemos quem está disposto a resgatar a nossa democracia junto com a gente”, disse à reportagem.
“Não dá para ser indiferente a toda a opressão que existe no Brasil contra pessoas inocentes. Isso está muito acima de interesses regionais ou eleitorais. Quem tem que escolher seus representantes é o povo, não um ministro do STF [Supremo Tribunal Federal]”, completou, em referência a Alexandre de Moraes.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, aliados do ex-presidente passaram a tratar Flávio como um dos principais nomes para a sucessão de Bolsonaro em 2026 dentro da família. O cenário levava em conta ainda Tarcísio, considerado hoje o nome mais viável eleitoralmente.
Flávio disse que não conversou com o governador paulista sobre a ausência na manifestação. Questionado se os nomes ausentes perderiam força na disputa pela sucessão de seu pai, o senador disse: “Tenho certeza que estaremos todos no mesmo palanque em 2026, contra o PT”.
A falta de governadores presidenciáveis no protesto também foi criticada pelo pastor Silas Malafaia, na avenida Paulista, em São Paulo.
Sem citar nomes, questionou a ausência de políticos cotados para representar a direita no pleito de 2026 e afirmou que eles não estiveram presentes por medo do STF. “Cadê aqueles que dizem ser a opção no lugar de Bolsonaro? Era para estarem aqui, minha gente. Sabe o que fica provado? Que até aqui Bolsonaro é insubstituível”, disse Malafaia.
Tarcísio marcou um procedimento médico para a mesma data. Durante a tarde, o governo paulista divulgou que a radioablação por ultrassonografia havia ocorrido sem problemas e que o político receberia alta à noite.
Caiado disse em evento do jornal “O Globo” que já tinha reunião marcada, e que discorda com o momento da manifestação. Seu argumento é de que é preciso negociar para evitar ou reduzir o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os demais governadores alegaram outros compromissos.
Flávio Bolsonaro participou de manifestação no Rio de Janeiro, onde esteve ao lado de Claudio Castro. Ele falou com voz embargada sobre o pai e o uso de tornozeleira eletrônica e fez uma ligação com Bolsonaro, transmitida durante o ato.
No telefonema, o ex-presidente se limitou a dizer: “obrigado a todos. É pela nossa liberdade, nosso futuro, nosso Brasil. Sempre estaremos juntos”.
A ausência de Bolsonaro na manifestação se deve às medidas cautelares impostas a ele por Moraes. O magistrado apontou risco de fuga, em meio à atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto a autoridades dos EUA.
Proibido de usar redes sociais, o ex-presidente acompanhou as manifestações de sua casa, em Brasília, com alguns poucos auxiliares.
Flávio deletou o vídeo desse momento nas redes sociais. Segundo disse ao UOL, foi por “insegurança jurídica” e temor de eventuais questionamentos.
Em seu discurso, o senador agradeceu a presença dos manifestantes e xingou Moraes.
“Ele [Bolsonaro] não está aqui hoje, mas está dentro de cada um de nós por todo Brasil. Ontem, fui visitar meu pai na casa dele. E sai de lá triste, emocionado, mas também muito feliz. Voltei triste como filho de, ao entrar na casa do meu pai, ele estar sentado no sofá com uma tornozeleira na perna, carregando na tomada como se fosse um bandido. Mas não é”, disse.
“Um homem honesto, um homem honrado, um homem patriota e um homem invejado por esse vagabundo do Alexandre de Moraes”, disse no carro de som, pouco antes de fazer uma ligação com seu pai ao vivo.