SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mais lixo plástico escapa para o oceano (22%) do que é coletado para reciclagem (15%), segundo estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e apenas 9% dos resíduos plásticos são de fato reciclados no mundo.
Ao mesmo tempo, o uso global de plástico, que quadruplicou nos últimos 30 anos, deve dobrar até 2060. E fragmentos, os chamados microplásticos, foram encontrados quase todas as partes do corpo humano.
Entenda o tamanho da encrenca em oito pontos baseados em informações do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).
Nesta terça-feira (5), as discussões para um tratado mundial contra a poluição plástica serão retomadas em Genebra. A reunião ocorrerá até 14 de agosto.
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1. Quanto plástico existe no mundo?
Hoje os plásticos são parte essencial do mundo moderno. Estão em peças de automóveis, utensílios médicos e domésticos, roupas e embalagens de todo tipo. O uso global de plástico quadruplicou nos últimos 30 anos e pode dobrar até 2060. Pesquisadores estimam que, desde a década de 1950, a humanidade tenha produzido 9,2 bilhões de toneladas de material, das quais cerca de 7 bilhões de toneladas se tornaram resíduos.
2. Quais são os tipos de plásticos mais problemáticos?
Uma das principais fontes de poluição plástica são os produtos de uso único, como garrafas de bebidas, sacos e sacolas, bandejas de isopor, marmitas, frascos de xampu, filme plástico, talheres, copos e pratos descartáveis. Eles sobrecarregam os sistemas de resíduos e também vazam para o meio ambiente.
3. Onde há poluição plástica?
Em quase todos os lugares: lagos, rios e no oceano, nas ruas das cidades e nos campos. Pesquisadores já encontraram detritos plásticos no Monte Everest e na Fossa das Marianas, o ponto mais profundo da Terra.
4. Por que a poluição plástica é um problema sério?
Por três motivos principais. Primeiro porque ela pode causar estragos em ecossistemas, desde impacto no crescimento de pequenas algas marinhas até porque peixes e aves ingerem esses resíduos por engano, enchendo seus estômagos com fragmentos plásticos, que os levam a morrer de fome.
Segundo, o plástico se decompõe em microplásticos e nanoplásticos que já foram encontrados em várias partes do corpo humano, como coração, cérebro, testículos e até no leite materno.
Terceiro, o ciclo de vida do plástico, da sua produção ao descarte, também contribui para as mudanças climáticas. Plástico é um derivado do petróleo e sua produção consome muita energia.
5. Os microplásticos fazem mal à saúde humana?
Há indícios de que sua presença nos organismos humanos possa estar relacionada a doenças cardiovasculares e disfunções hormonais. Pesquisadores têm trabalhado na investigação desses e outros efeitos por causa da quantidade de microplásticos que estamos ingerindo. Um estudo estimou que podemos estar ingerindo 5 gramas, equivalentes a um cartão de crédito, por semana.
6. A reciclagem sozinha pode acabar com a crise da poluição plástica?
Não. Apenas cerca de 9% dos plásticos são realmente reciclados, de acordo com um estudo da OCDE. Isso porque muitos produtos plásticos não foram projetados para serem reutilizados nem reciclados. Os sistemas de reciclagem não conseguiram acompanhar o avanço da produção e do descarte de plásticos. E muitos países não têm a infraestrutura necessária para coletar e reciclar esses resíduos, que são muito variados, cada um com seu próprio processo de reciclagem.
7. Então, como combater a poluição plástica?
Primeiro, evitar que plásticos continuem a vazar para o meio ambiente. Mas especialistas apontam que é preciso pensar além da reciclagem e repensar o ciclo de vida do plástico, seu design, produção e descarte. Isso significa redesenhar produtos para que durem mais e sejam menos perigosos, possam ser reutilizados e, por sim, reciclados.
8. O que tem sido feito globalmente em relação à poluição plástica?
Muitos países criaram leis para controlar o uso de produtos plásticos de uso único, do Reino Unido a Ruanda, da Coreia do Sul à Colômbia. Também regularam a responsabilidade dos fabricantes de plástico pela embalagem dos produtos que colocam no mercado. A poluição plástica, no entanto, é um problema transfronteiriço, que requer cooperação internacional. Está sendo negociado um Tratado Global de Combate à Poluição Plástica no âmbito do Comitê de Negociação Intergovernamental da ONU. As lideranças mundiais nas negociações reconhecem a gravidade da crise de poluição plástica e há pressão para um acordo juridicamente vinculante.