BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores, afirmou nesta segunda-feira (4) que a Constituição “não está em qualquer mesa de negociação”, numa referência ao tarifaço imposto por Donald Trump a produtos brasileiros e à exigência americana de uma anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“A Constituição Cidadã não está e nunca estará em qualquer mesa de negociação. Nossa soberania não é moeda de troca diante de exigências inaceitáveis”, declarou Vieira, durante cerimônia pelos 80 anos do Instituto Rio Branco, no Itamaraty.
O chanceler não fez qualquer menção direta a Trump ou a Bolsonaro, mas mandou recados em relação à disputa comercial e política entre os dois países.
Disse, por exemplo, que o Brasil é alvo de “ataques orquestrados por brasileiros em conluio com forças estrangeiras”.
O filho do ex-presidente, deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), afastou-se do mandato e se mudou para os EUA para defender, junto a autoridades americanas, sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Eduardo também apoia o uso da sobretaxa de 50% contra itens brasileiros como forma de pressão pela anistia de seu pai.
Trump oficializou o tarifaço na semana passada. Além do mais, impôs sanções financeiras contra Moraes.
Os movimentos foram encarados pelo governo Lula como interferência dos EUA em assuntos internos no Brasil.
Nas negociações anteriores ao tarifaço, aliados de Lula disseram que há um bloqueio de interlocução na Casa Branca, apesar de contatos estabelecidos entre o vice-presidente Geraldo Alckmin com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e entre o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
Na sexta (1º), Trump disse que Lula pode falar com ele quando quiser para discutir as tarifas. Em resposta, Lula disse que sempre esteve aberto ao diálogo, mas afirmou que o governo trabalha pela proteção da economia brasileira.
“Sempre estivemos abertos ao diálogo. Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, declarou nas redes sociais.