SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A nova linha 16-Violeta de metrô de São Paulo prevê diminuir o tempo de deslocamento da estação Oscar Freire, área nobre da zona oeste, até Cidade Tiradentes, na zona leste, para 30 minutos. Além disso, vai passar perto dos parques do Ibirapuera, da Independência e da Aclimação.

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QUANTO FALTA PARA SAIR DO PAPEL

A estimativa do governo de São Paulo é que o contrato com a empresa vencedora do leilão de concessão, que fará as obras e será responsável pela operação da linha, seja firmado no segundo semestre de 2026. Só depois dessa etapa é que a construção poderá começar. A gestão estadual diz que a companhia terá o prazo de oito anos para a construção do ramal e mais 22 anos para a administração.

Até julho, o projeto estava em fase de estudo, que deve ser concluída até o fim deste ano, segundo a SPI (Secretaria de Parcerias em Investimentos da gestão estadual). A previsão da pasta é abrir a consulta pública e realizar as audiências com a população sobre a linha no segundo semestre de 2025.

Depois é publicado o edital e feito o leilão de concessão, ambos ainda sem data para ocorrer. Por fim, o contrato é assinado e formalizado.

Questionada pela reportagem, a SPI não deu nenhuma previsão de data em que a linha 16-Violeta será aberta ao público.

O PROJETO

Na primeira etapa, a expectativa é inaugurar 16 estações, ligando a estação Oscar Freire à parada Abel Ferreira, na zona leste. Na segunda fase, serão mais 9 estações: de Abel Ferreira até a Cidades Tiradentes.

O percurso de 32 km no total vai demorar 30 minutos e atender 226,8 milhões de passageiros anualmente. nesta segunda-feira (04), o trecho demora 1h15 de ônibus e 40 minutos de carro, de acordo com a SPI.

A 16-Violeta é conhecida como a “Linha dos Parques”. Isso porque algumas estações serão próximas a parques como o Ibirapuera e Independência, ambos na zona sul de São Paulo, e Aclimação, na região central.

Com todas as 25 estações, a linha proporcionará oito integrações. Esse número de conexões contabiliza as linhas de metrô e trem que serão inauguradas futuramente:

Linha 1-Azul (na estação Ana Rosa);

Linha 2-Verde (nas estações Ana Rosa e Anália Franco);

Linha 4-Amarela (na estação Oscar Freire);

Futura linha 6-Laranja (na estação São Carlos);

Linha 10-Turquesa (também na São Carlos);

Futura linha 14-Ônix (na estação Santa Marcelina);

Linha 15-Prata (futura na Cidade Tiradentes); e

Futura linha 19-Celeste (na Estação Jardim Paulista).

Prazo para concessão é de 30 anos, sendo oito para as obras e 22 anos para a operação. O governo diz que o investimento estimado do projeto é de R$ 38,4 bilhões.

ESTUDO MILIONÁRIO FOI FEITO POR EMPRESA ESPANHOLA

O governo de São Paulo abriu um chamamento público para empresas em novembro de 2024. Os interessados deveriam desenvolver os estudos de viabilidade para construção, manutenção e operação da 16-Violeta pela iniciativa privada.

A empresa Acciona, única candidata, venceu e entregou o estudo ao governo em junho de 2025. Até julho, o material seguia sob análise da SPI. A companhia espanhola já é a responsável pela construção, manutenção e operação da linha 6-Laranja, que ligará a zona norte ao centro, em conjunto com a concessionária Linha Uni. Ela já tinha procurado o governo para apresentar subsídios para a viabilidade da linha antes do chamamento público.

Estudo terá o custo de R$ 42,3 milhões, segundo informações do site da SPI em janeiro de 2025. Procurada pelo UOL, porém, a pasta disse que o valor não será pago com recursos públicos e, se o estudo for aproveitado pela gestão estadual nas próximas etapas da linha, o vencedor do leilão deverá ressarcir a Acciona. Caso o levantamento não seja utilizado, a Acciona não será reembolsada.

Associação criticou a “terceirização” do estudo. Luís Guilherme Kolle, presidente da AEAMESP (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô), explicou à reportagem que o estudo de linhas metroviárias está entre as atribuições e poderia ser feito pelo próprio Metrô de São Paulo. Apesar de não ser ilegal, Kolle destacou que, com o repasse da tarefa, os interesses da população estão relegados a uma empresa privada que busca o lucro. Procurada pela reportagem, a Acciona disse que não iria comentar.