MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – O ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, 29, preso por agredir a namorada com mais de 60 socos dentro do elevador de um condomínio no bairro de Ponta Negra, zona sul de Natal (RN), escreveu uma carta na qual pede perdão pelo ocorrido e diz que sua conduta estava “influenciada por um contexto de uso de substâncias e instabilidade emocional”.

O conteúdo foi divulgado pela TV Ponta Negra e confirmado pela Folha com a defesa de Igor.

“Lamento profundamente que minha conduta, influenciada por um contexto de uso de substâncias e instabilidade emocional, tenha contribuído para essa situação. Embora as circunstâncias ainda estejam sendo apuradas, sinto a necessidade sincera de expressar meu pedido de perdão a todos que, de alguma forma, foram afetados”, afirmou ele.

Igor complementou, ainda, que houve “dor angústia e sofrimento, especialmente para Juliana, sua filha, sua família, bem como para os meus pais e demais entes queridos”, salientando que não tem a intenção de justificar ou minimizar o impacto dos fatos. Disse que espera que “Juliana consiga encontrar força para seguir em frente, com serenidade, coragem e paz”.

“Enfrento o momento atual com humildade e esperança de que, com o tempo, todas as partes envolvidas possam encontrar caminhos de cura, reflexão e recomeço.”

Igor foi transferido na última sexta-feira (1º) para a Cadeia Pública Dinorá Simas, no município de Ceará-Mirim. A defesa de Igor havia solicitado uma cela individual por questões de segurança, mas não teve o pleito atendido, porque a cadeia não tem cela individual.

Nessa mesma noite, ele afirmou ter sofrido um ataque por policiais penais, que teriam o colocado em uma cela isolada, algemado e nu, o agredido com murros, chutes, cotoveladas, além de uso de spray de pimenta. Eles teriam dito que ele havia “chegado ao inferno”.

Conforme a Seap (Secretaria da Administração Penitenciária), o caso está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria do Sistema Prisional.

Ele foi preso em flagrante no dia 26 e teve a prisão convertida para preventiva (sem prazo).

O ataque foi gravado por uma câmera de segurança do edifício. O vídeo mostra o momento em que o ex-jogador desfere um primeiro soco na mulher. Ela cai no canto do elevador, e ele começa uma sequência de golpes.

O vídeo mostra que são ao menos 35 segundos com o rapaz desferindo socos na vítima sem parar. Após o ataque, a vítima se levanta com o rosto todo ensanguentado, a porta do elevador se abre e ela sai cambaleando. O agressor ajeita o chinelo no pé e sai na sequência.

Em depoimento à polícia, Igor declarou que sofreu um “surto claustrofóbico”.

Juliana relatou à Folha na última semana que as discussões foram iniciadas por causa de ciúme após Igor ter visto, no celular dela, mensagens em que ela se comunicava com um amigo dele.

Ela também disse que ele já havia apresentado comportamentos agressivos anteriormente. O relacionamento durava dois anos, entre “muitas idas e vindas”.

“Ele não gostou. Jogou meu celular na piscina porque queria mostrar a um amigo que estava conosco. Eu saí de perto para evitar o conflito. Ele foi para o meu bloco, subiu para pegar as coisas dele e eu subi pelo outro elevador para encontrar ele lá. Quando subimos, eu o notei agressivo”, iniciou ela.

Ela conversou com a reportagem por mensagem de texto, pois estava com a dicção comprometida pelas lesões.

“Eu não quis sair do elevador porque achei que ele fosse me agredir e, no corredor, não tem câmeras. Ele queria me convencer a sair de lá. Foi aí que ele disse que eu ia morrer e começou a me bater sem parar”, complementou.

Ela passou por uma cirurgia de reconstrução da face no Hospital Universitário Onofre Lopes, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), na sexta-feira (1º), e segue hospitalizada, sem previsão de alta.

De acordo com o hospital, o procedimento realizado, chamado osteossíntese, visa restabelecer a estética e a funcionalidade do rosto de Juliana. O procedimento contempla a redução e fixação das fraturas com o uso de miniplacas e miniparafusos, além de uma revisão nas estruturas nasais.

A cirurgia foi bem-sucedida e “transcorreu de forma segura”, segundo o hospital. Juliana permanece internada na unidade, sob cuidados pós-operatórios, com previsão de alta conforme a evolução clínica.

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LEIA A CARTA

NOTA À IMPRENSA E À SOCIEDADE

Eu, Igor Eduardo P. Cabral, venho com profundo respeito, me manifestar diante dos acontecimentos recentes que abalaram tantas pessoas. Reconheço que houve dor, angústia e sofrimento, especialmente para Juliana, sua filha, sua família, bem como para os meus pais e demais entes queridos.

Lamento profundamente que minha conduta, influenciada por um contexto de uso de substâncias e instabilidade emocional, tenha contribuído para essa situação. Embora as circunstâncias ainda estejam sendo apuradas, sinto a necessidade sincera de expressar meu pedido de perdão a todos que, de alguma forma, foram afetados.

Não tenho intenção de justificar nada, tampouco minimizar o impacto dos fatos. Apenas desejo que Juliana consiga encontrar força para seguir em frente, com serenidade, coragem e paz. A ela, sua filha e sua família, envio minhas orações e meu mais genuíno respeito.

Enfrento o momento atual com humildade e esperança de que, com o tempo, todas as partes envolvidas possam encontrar caminhos de cura, reflexão e recomeço.

Com arrependimento e respeito,

Igor Eduardo P. Cabral