SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que nomeará um novo chefe de estatísticas do Departamento do Trabalho dos EUA nesta semana, enquanto busca fortalecer seu controle sobre dados econômicos e formulação de políticas dos EUA.

O republicano também afirmou que preencherá uma vaga aberta no conselho do Fed (Federal Reserve) nos próximos dias.

Os nomeados para cargos de alto escalão em duas das mais importantes instituições econômicas dos EUA poderão ajudar a moldar a agenda de Trump pelo resto de sua presidência. Ambas as funções exigem confirmação pelo Senado dos EUA.

No domingo (3), o presidente americano afirmou que selecionará um novo comissário para o Bureau of Labor Statistics nos próximos três ou quatro dias. Trump demitiu Erika McEntarfer na sexta-feira (1º) depois que dados econômicos fracos do mercado de trabalho dos EUA foram divulgados.

A ação de demitir McEntarfer, a quem acusou de manipular os números de empregos divulgados pela instituição e de estar alinhada ao governo anterior, de Joe Biden, foi condenada. Críticos viram na ação uma tentativa de politizar dados econômicos vitais que sustentam a precificação de ativos globais no valor de trilhões de dólares e moldam as decisões de taxa de juros dos formuladores de políticas.

William Beach, que foi comissário do BLS durante o primeiro mandato de Trump, disse que a demissão é “prejudicial”.

“Não sei se há qualquer fundamento para essa demissão. E isso realmente prejudica o sistema estatístico. Mina a credibilidade no BLS”, disse ele à CNN no domingo.

Os assessores econômicos da Casa Branca, por outro lado, defenderam no domingo a demissão da líder do Escritório de Estatísticas do Trabalho por Trump, rebatendo as críticas de que a ação do presidente americano pode minar a confiança nos dados econômicos dos Estados Unidos.

“Os dados não podem ser propaganda. Os dados têm que ser algo em que você possa confiar”, disse Hassett à Fox News no domingo.

“E se os dados não forem tão bons, então é um problema real para os EUA. E agora, os dados se tornaram muito pouco confiáveis com essas revisões massivas nos últimos anos”, afirmou.

Em comentários separados à NBC, Hassett disse que Trump “quer suas próprias pessoas lá para que, quando virmos os números, eles sejam mais transparentes e mais confiáveis”.

Trump acusa McEntarfer de falsificar os números de empregos, sem fornecer qualquer evidência de manipulação de dados. O BLS compila o relatório de empregos, que é acompanhado de perto, bem como os dados de preços ao consumidor e ao produtor.

O BLS não deu nenhuma razão para os dados revisados, mas observou que “as revisões mensais resultam de relatórios adicionais recebidos de empresas e agências governamentais desde as últimas estimativas publicadas e do recálculo de fatores sazonais”.

Segundo relatório do Departamento do Trabalho, a criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos ficou bem abaixo das projeções em julho: foram abertos 73 mil postos, ante expectativa de 110 mil. A taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2%.

Além dos dados do emprego de julho, o Departamento do Trabalho revelou uma revisão dos dados do mês de junho. Em vez de 147 mil vagas, como reportado anteriormente, foram criadas apenas 14 mil. A taxa de desemprego nos EUA também subiu de 4,1% para 4,2% em julho.

McEntarfer respondeu à sua demissão abrupta na sexta-feira (1º) em um post na plataforma de mídia social Bluesky, dizendo que foi “a honra de sua vida” servir como comissária do BLS e elogiando os funcionários públicos que trabalham lá.

TRUMP DIZ QUE TAMBÉM INDICARÁ SUBSTITUTO DE GOVERNADORA DO FED EM BREVE

Além do substituto para o comando da agência de estatísticas do Departamento do Trabalho, Trump também anunciará um novo governador do Fed para substituir Adriana Kugler. Segundo o republicano, ele já tem “algumas pessoas em mente” para o cargo no conselho do banco central americano.

Kugler renunciou na sexta-feira cinco meses antes do término de seu mandato. Isso dará a Trump a chance de escolher um sucessor para o presidente do Fed, Jay Powell, dentro do banco central americano antes do previsto.

Os favoritos para substituir Powell são Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Kevin Warsh, da Instituição Hoover de Stanford, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.

O mandato de Powell à frente do Fed termina em maio de 2026.

O assento de Kugler é um dos poucos que devem ficar vagos durante o segundo mandato de Trump.

“Acho que ela saiu porque concordava comigo sobre as taxas de juros, e ainda assim eles estavam do outro lado do campo”, disse Trump. Ele tem criticado duramente o Fed por não reduzir as taxas de juros conforme seu gosto.

Trump tem exigido que Powell e o restante do Comitê Federal de Mercado Aberto reduzam as taxas de juros, e lançou ataques verbais e críticas contra o presidente por manter a política monetária estável.