da redação
Durante o 17º Encontro Nacional do PT, realizado neste domingo (3/8) em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso marcado por reflexões sobre o passado, críticas à oposição e projeções para o futuro político do país. Apesar de afirmar que não esqueceu os 580 dias em que esteve preso em decorrência da Operação Lava Jato, Lula garantiu que não governa movido por rancor.
“Não posso permitir que o ódio me guie. Fui eleito para cuidar do povo, não para me vingar”, afirmou o presidente, que reforçou seu compromisso com uma gestão voltada à reconstrução social e ao combate à desigualdade.
Lula também ressaltou que o Partido dos Trabalhadores tem uma responsabilidade histórica com as políticas de inclusão social no país, comparando sua atuação à do ex-presidente Getúlio Vargas. Segundo ele, o PT foi responsável por alguns dos maiores avanços no campo social da história brasileira.
Ao comentar o projeto que previa aumento no número de deputados federais, Lula justificou seu veto, dizendo que o Brasil precisa priorizar outras urgências, especialmente sociais e econômicas. “O momento exige responsabilidade. Não é hora de inflar o Legislativo”, pontuou.
Sobre as eleições de 2026, Lula deixou claro que ainda não há uma decisão definitiva, mas destacou que só aceitará disputar um novo mandato caso esteja com plena saúde física e mental. Citou o caso do presidente norte-americano Joe Biden como um alerta: “Não serei candidato para ser substituído no meio do caminho. Se eu for, é para vencer”, garantiu.
O presidente também aproveitou a ocasião para criticar a postura de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, segundo ele, foi aos Estados Unidos defender tarifas contra produtos brasileiros. “Isso é trair o Brasil. Não se pode ir lá fora pedir que prejudiquem o próprio povo”, criticou.
Outro ponto de destaque do discurso foi a defesa de que o PT amplie sua presença no Congresso Nacional. Lula afirmou que, com a atual composição da Câmara, seu governo enfrenta dificuldades para aprovar projetos importantes. “Com 70 deputados, não se governa com tranquilidade. Se fossemos tão bons quanto achamos que somos, teríamos feito 140”, afirmou em tom autocrítico.
Lula também defendeu que o partido recupere símbolos nacionais como a bandeira e a camisa da seleção brasileira, apropriados nos últimos anos pela extrema direita. Para ele, esses símbolos pertencem ao povo, não a um grupo político.
Em uma fala carregada de memórias e recados políticos, o presidente citou nomes históricos do partido, como José Dirceu e Delúbio Soares — que enfrentaram processos na Justiça, mas tiveram suas condenações revistas. “Ninguém esqueceu o que foi a teoria do domínio do fato. A gente só prefere não tocar nisso agora”, disse, em referência à tese que embasou parte das condenações no escândalo do Mensalão.
Ao encerrar, Lula reafirmou o compromisso de seu governo com a democracia, a soberania nacional e a justiça social — e pediu que o partido corrija os erros do passado para não repetir os mesmos equívocos no futuro.