RIO DE JANEIR, RJ, CURITIBA, PR, BELÉM, PA, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Bolsonaristas realizam atos espalhados pelo país neste domingo (3) contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e o presidente Lula (PT).

Manifestações foram marcadas em ao menos 20 capitais em todas as regiões do Brasil. Cidades do interior também têm atos programados. O principal ato, em São Paulo, está previsto para começar à tarde.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não pode participar porque, desde o último dia 18, tem que cumprir medidas restritivas impostas por Moraes, como usar tornozeleira eletrônica e não sair de sua casa, em Brasília, aos fins de semana. Ele disse em uma lista de transmissão que estava acompanhando de casa e afirmou: “obrigado a todos”, “pela nossa liberdade”.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou da manifestação no centro de Belém. Parlamentares do PL no Pará foram os primeiros a discursar, com falas contra Moraes, Lula e o governador do estado, Helder Barbalho (MDB).

O governador do Rio de Janeiro Claudio Castro (PL) participou do ato em Copacabana, que ocupa dois quarteirões da orla da avenida Atlântica.

O deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) puxou gritos de “Magnitsky” e pediu anistia aos presos nos ataques golpistas de 8 de janeiro.

A presença de outro carro de som na orla, também com bolsonaristas, dividiu parte do público.

Em Salvador o ato começou às 9h, no Farol da Barra. Deputados também discursam contra o STF, Lula e o governador baiano Jerônimo Rodrigues (PT).

Em Belo Horizonte, bolsonaristas se reuniram na praça da Liberdade e discursaram no tom de que o STF é inimigo. Uma faixa estendida no carro de som dizia, em inglês, “Leave Bolsonaro alone” (Deixe Bolsonaro em paz).

Parlamentares bolsonaristas, como os deputados Filipe Barros (PL-PR), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), anunciaram os atos pelas redes sociais, sob o slogan “Reaja, Brasil”.

Os atos acontecem quatro dias depois de o presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciar imposição de sanções financeiras a Moraes, com base na Lei Magnitsky.

As sanções são ligadas à pressão pela interrupção da ação penal que julga Bolsonaro por tentativa de golpe e são incentivadas, sobretudo, pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Na sessão do STF de sexta (1°), a primeira desde a sanção, Moraes classificou como “covardes e traiçoeiras” as ações do governo americano e disse haver “traição à pátria”, direcionando sua reação principalmente a Eduardo Bolsonaro.

Em Brasília, os manifestantes se reuniram próximos à sede do Banco Central, com um carro de som. Como sempre, carregando adereços verdes e amarelos e com a bandeira do Brasil. Também houve bandeiras dos Estados Unidos e de Israel.

Alguns trouxeram faixas contra o ministro Alexandre de Moraes, outros contra Lula. Uma série de bolsonaristas trouxeram a frase “Thank you Trump” (obrigado Trump, em inglês), em apoio às atitudes do presidente dod EUA.

Também houve diversas manifestações de apoio a Bolsonaro e outros aliados que foram alvo do STF, como Daniel Silveira. Também pediam a anistia, a revogação do IOF, além de fazerem menções positivas à Lei Magnisky. Os bolsonaristas também incentivavam os carros que passavam para buzinar, em apoio ao ato.

Os discursos contaram apenas com personagens do segundo escalão do bolsonarismo, como a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) ou o senador Izalci Lucas (PL-DF) —que até 2024 estava no PSDB, quando se filiou ao partido de Bolsonaro.

Diante de forte sol no Eixão, principal via da capital federal, os manifestantes também buscaram sombras para se proteger do calor —o ato não chegou a ocupar o equivalente a uma superquadra da avenida.

Procurada, a Polícia Militar do Distrito Federal disse que não divulga estimativas de público para este tipo de evento —o número de pessoas presentes em atos da direita e da esquerda virou motivo de tensão nas últimas manifestações, com diversos cálculos sendo criticados por opositores.

No Sudeste, atos foram marcados para São Paulo e cidades do interior, além de Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vila Velha (ES).

Também há manifestações programadas para as capitais do Sul (Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis), Centro-Oeste (Goiânia, Campo Grande, Cuiabá e Brasília) e Nordeste (Salvador, Fortaleza, Recife, São Luís, João Pessoa, Natal, Teresina, Aracaju e Maceió).

A marcação de atos em diferentes cidades, segundo bolsonaristas, seria uma tentativa de tornar mais acessíveis as manifestações e que parlamentares possam ter protagonismo em seus redutos.

Reservadamente, organizadores temem que os atos sejam esvaziados. Primeiro, identificam cansaço da base, que, aos poucos, tem participado menos de mobilizações nas ruas. Segundo, devido à ausência de Jair Bolsonaro.