SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Edifício Martinelli vai voltar a receber visitas guiadas e gratuitas nos últimos andares do prédio a partir do dia 5 de agosto. A expectativa é receber 150 pessoas por semana em grupos de até 25 pessoas. O icônico prédio do centro de São Paulo, inaugurado em 1929, já foi o primeiro arranha-céu da cidade e, depois, ganhou fama de mal-assombrado.

As visitas acontecerão sempre às terças-feiras. Os passeios têm duração de 45 minutos, com seis horários disponíveis entre 12h30 e 17h30. As visitas serão conduzidas por guias do programa Vai de Roteiro, da Secretaria Municipal de Turismo de São Paulo.

A reserva é gratuita e os ingressos são liberados toda quinta-feira ao meio-dia para a visita na terça-feira seguinte. O primeiro lote abriu na quinta, 31 de julho, às 12 horas, para visitas em 5 de agosto.

O prédio vem passando por obras de restauro para virar um complexo cultural e turístico. O Grupo Tokyo ganhou a concessão da varanda e do térreo do prédio. No ano passado, organizou visitas guiadas ao local e festas, com ingressos esgotados.

Conheça a história do Martinelli

O edifício tem mais de 100 metros e fica próximo ao Vale do Anhangabaú. Com a construção iniciada em 1924, o Edifício Martinelli foi o primeiro arranha-céu da capital paulista e hoje guarda uma história repleta de mistérios.

Prédio leva nome de quem o projetou, Giuseppe Martinelli. Em uma cidade onde os edifícios dificilmente ultrapassavam cinco andares, ele ficou obcecado com a ideia de construir um prédio de 100 metros. Foram mais de 600 operários atuando no projeto.

Local virou ponto de encontro da elite. O Martinelli abrigou o luxuoso hotel São Bento, o Cine Rosário e até uma academia de dança. O declínio começou após o próprio Martinelli perder a fortuna com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York. O prédio foi vendido ao governo da Itália e, em 1943, confiscado pelo governo brasileiro com a Segunda Guerra.

Vazio, o prédio começa a ser ocupado irregularmente em 1950. Por anos, o edifício virou um cortiço e viveu imerso em ilegalidades, tendo mais de três mil abrigados. São histórias dessa época que deram base para as lendas urbanas contadas até hoje.

Mortes e assombrações

O edifício foi cenário de diferentes crimes, como a morte de um menino de 14 anos. O corpo do garoto Davilson Gelisek foi encontrado no Martinelli em 1947 com indícios de ter sofrido uma queda de grande altura.

Anos mais tarde, quem morreu foi a jovem Neide, em 1965. Pouco se sabe sobra sua trajetória e o que causou sua morte. Em 1972, a adolescente Rosa teria caído do prédio após passar a noite com um homem, cuja identidade nunca foi descoberta.

Na década de 1970, o prédio foi restaurado. Entulhos de lixos diversos e ossadas humanas foram encontradas no fosso do elevador. As condições do prédio e seus crimes ajudaram a criar a fama de que lá havia assombrações.

Barulhos estranhos e aparições eram associados ao edifício. Uma das principais lendas que permeia a história do Martinelli é da presença da “Loira”, cuja identidade ninguém sabe ao certo dizer qual é. Várias pessoas relatam que já a viram nas dependências do prédio.

Funcionários não queriam ficar até tarde porque tinham medo da Loira. A história ganha contornos cômicos: conta-se que um homem, certa vez, estava trabalhando e de fato apareceu uma loira no local. Ele não pensou duas vezes e meteu uma vassourada nela. Ela era apenas uma colega de trabalho, viva.