SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto passa a assinar uma coluna mensal na Folha. Seus textos serão publicados em Mercado a partir deste sábado (2), no site, e de domingo (3), na versão impressa.
Campos Neto, 56, possui graduação e mestrado em economia pela UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) e atuou como chefe do BC de 2019 a 2024. Atualmente, é vice-chairman do Nubank, atuando como diretor global de políticas públicas e como membro do conselho do banco. Também é conselheiro do Fórum Econômico Mundial e do Milken Institute.
Antes de chefiar o BC, Campos Neto trabalhou no Banco Santander, na Claritas Investments e no Bozano Simonsen.
Indicado para presidir a autoridade monetária por Jair Bolsonaro (PL), ele liderou a agenda digital do BC, com a implementação do Pix e do Open Finance. Também trabalhou para aprovação da independência do banco e foi o primeiro presidente na era autônoma da instituição.
Seus objetivos dentro do BC seguem na agenda do economista, que os abordará em suas colunas. Além da inovação no sistema financeiro, ele também irá escrever sobre política monetária, macroeconomia e estabilidade financeira.
“Não gosto de falar de pessoas, gosto de falar de ideias”, afirma Campos Neto.
O executivo também prefere focar o panorama geral ante o noticiário diário.
“Não quero perder o pano de fundo. Qual o elefante na sala? A tarifa de [Donald] Trump? A situação na Ucrânia? Não. É o endividamento dos países, que gera inflação e juros maiores”, diz o economista.
Na sua visão, o tarifaço do presidente americano faz parte um processo de busca por uma nova ordem global que tem como uma das causas o crescimento insustentável da dívida pública dos Estados Unidos. Em 2024, ela correspondeu a 124% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
Campos Neto destaca que o problema é disseminado entre os países, que coordenaram bem a politica fiscal e monetária no enfrentamento dos efeitos econômicos da pandemia, mas o mesmo não aconteceu ao fim da crise.
Ele critica a reparação fiscal sempre pelo lado da receita e nunca pela despesa. Segundo o executivo, essa dinâmica é danosa, pois impacta a produtividade e a capacidade de crescimento da economia, gerando um ciclo vicioso.
“Corremos risco de uma crise de dívida pública global e precisamos debater isso”, diz o economista.