SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – De passagem pela Flip, Festa Literária Internacional de Paraty, o escritor Itamar Vieira Junior brincou que, como o evento é uma espécie de Carnaval da literatura, ele se sente como um artista num palco.
“Eu me sinto um pouco Bell Marques, a Ivete Sangalo. Fico feliz. Olha o povo vibrando, eu estou em cima de um trio elétrico!”, riu o autor, ao fim de sua apresentação na Casa Folha, na tarde deste sábado (2). “Parece uma festa de largo em Salvador também. Aquela festa que é religiosa de dia e, de noite, tem a parte profana, as pessoas vão para os bares.”
O autor de “Torto Arado” deu a declaração depois que uma pessoa da plateia questionou se ele queria que seu romance mais conhecido se tornasse um samba-enredo, como aconteceu com “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves, que a Portela levou à avenida no ano passado.
“Claro que eu vou gostar. Imagina, uma escola de samba levar um livro para a Sapucai. Mas ninguém fez a proposta”, afirmou ele, acrescentando que gostaria de desfilar ano que vem no Império Serrano, que vai homenagear Conceição Evaristo.
Ele pretende sair na avenida mesmo sem sambar nada, segundo o próprio. “Mas isso não me impede.”
Itamar conversou com o jornalista Uirá Machado, editor da CasaFolha, a plataforma de streaming com cursos exclusivos lançada pelo jornal.
O autor falou um pouco sobre seu novo livro, “Coração sem Medo”, que sai em outubro pela Todavia e encerra a trilogia iniciada com “Torto Arado”.
O novo romance vai terminar a série com uma narrativa passada em Salvador, primeiro ambiente urbano entre as histórias, abordando a violência policial, a força das mulheres e o poder da imaginação contra o esquecimento. “Nesse romance, o rio deságua na baía de Todos os Santos. Vou falar daqueles que foram desgarrados da terra e tiveram que deixá-la para ganhar a vida em outro lugar”, afirmou.
Itamar contou que, em seu processo de escrita, sente que os personagens ganham vida própria e, na metade de “Torto Arado”, deu-se conta que haveria mais naquela história.
“Um romance, na maior parte das vezes, é um recorte temporal e espacial de uma história. É o que o escritor pode ofertar naquele momento. Mas, se ele parar para pensar, a vida continua, e há sempre chances de apresentar uma nova faceta daquele personagem”, disse.
“Eu fui escolhido por esses personagens, foi dessa maneira que eles se apresentaram. O novo livro são fatos que não tiveram espaço para serem narrados nos outros livros.”
Itamar também foi questionado se, como Ana Maria Gonçalves, também teria interesse em se eleger imortal da ABL, a Academia Brasileira de Letras. “Não digo que desse prato não comerei”, afirmou. “Mas gosto da resposta da Clarice Lispector quando a perguntaram sobre a importância de haver mulheres na ABL. Ela disse que se achava profundamente mortal. E ainda fala: ‘Não gostaria que ao menor espirro vissem em mim uma vaga’. Fico com a resposta dela.”
O encontro com o autor chegou a ser interrompido por cerca de dez minutos, depois que um homem na plateia se sentiu mal. Uma ambulância foi chamada e ele foi atendido e levado pelos médicos. Segundo os profissionais que o socorreram, o homem ficou bem. A conversa com o escritor seguiu.
Desde março, a CasaFolha tem no ar um curso ministrado por Itamar Vieira Junior, no qual o autor ensina escrita criativa em 12 aulas, disponíveis no site casafolhasp.com.br.
Com mais de 1 milhão de exemplares vendidos, Vieira Junior é o maior fenômeno da literatura nacional nos últimos anos. Seus livros foram traduzidos em mais de 25 países e venceram diversos prêmios, como o Oceanos, o Leya e o Jabuti, espécie de Oscar brasileiro da escrita.
As aulas dele e outras podem ser acompanhadas por membros da CasaFolha. É possível se vincular à plataforma pelo endereço casafolhasp.com.br/assine. A assinatura, com desconto promocional de 67%, sai por R$ 19,90 por mês no plano anual (R$ 59,90 sem a promoção) e inclui acesso ilimitado a todas as notícias da Folha no site e no aplicativo para celular e tablet.
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