SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Brasil e Colômbia fizeram um jogo tenso na decisão da Copa América feminina neste sábado (2), que teve agressões, reviravoltas, brilho de Marta e disputa por pênaltis. Ao fim do confronto no estádio Casa Blanca, em Quito, o placar apontou triunfo por 5 a 4 da formação verde-amarela nos tiros da marca penal, após empate por 4 a 4.
As colombianas chegaram a sentir o gosto daquela que seria a sua primeira conquista na competição. Então, apareceu Marta, que marcou no último lance do segundo tempo e forçou a prorrogação, na qual voltou a balançar a rede. Mas Leicy Santos acertou batida de falta no segundo tempo extra, o que tornou necessários os chutes de desempate.
A própria Marta teve nos pés a bola do campeonato e bateu mal, parando na goleira Tapia. A disputa prosseguiu até a oitava rodada de cobranças. Luany acertou a rede pelo Brasil, que contou com uma defesa de Lorena na conclusão de Carabali para, enfim, encerrar uma decisão que se estendeu da tarde para a noite de sábado (2) no Equador
A seleção, assim, com enorme dificuldade, manteve sua hegemonia no continente. Agora são nove conquistas em dez edições da Copa América feminina, inaugurada em 1991 a exceção foi em 2006, com triunfo da Argentina.
Na decisão deste sábado, a equipe dirigida por Arthur Elias começou muito mal e teve de correr atrás em boa parte tempo. Buscou o empate três vezes com Angelina, Amanda Gutierres e, finalmente, Marta até passar à frente na prorrogação. Mas o fim do jogo ainda reservava emoções…
A final era a esperada desde o início do certame, com as colombianas já bem estabelecidas como a principal ameaça às brasileiras na América do Sul. O duelo derradeiro foi uma reedição do que definiu a disputa anterior, em 2022.
Em 2025, a campanha do Brasil só não teve aproveitamento de 100% justamente por causa de dois empates com a Colômbia, o primeiro deles um 0 a 0 na fase de grupos. Na ocasião, a goleira Lorena foi expulsa aos 23 minutos do primeiro tempo, o que obrigou as futuras campeãs a adotar um comportamento cauteloso.
Já na decisão, o primeiro tempo foi de claro domínio da Colômbia. O Brasil entrou em campo de maneira apática, como se jogasse um amistoso. Suas adversárias venciam cada disputa e criavam repetidas oportunidades, diante de uma equipe que não conseguia ficar com a bola e apresentava falhas na marcação.
Loboa e Caicedo tiveram boas chances até que o placar fosse movimentado, aos 25 minutos, em finalização de Caicedo, com incrível liberdade na entrada da pequena área. A situação era tão ruim que Arthur Elias resolveu fazer alterações antes do intervalo, trocando Fê Palermo e Dudinha por Isa Haas e Amanda Gutierres.
A seleção renasceu nos acréscimos, quando a colombiana Carabali agrediu Gio Garbelini dentro da área. Flagrada pelo árbitro de vídeo, escapou de ser expulsa, mas viu Angelina empatar o duelo na batida do pênalti, aos 54. Àquela altura, a partida já havia apresentado uma série de disputas fora do lance de jogo, com bate-bocas e empurrões.
As comandadas de Elias alternavam apatia com a bola rolando e nervosismo com o jogo parado, algo que ele procurou ajustar nos 15 minutos de pausa. O time voltou de maneira melhor e passou a dominar as ações, porém continuou cometendo erros e tendo a necessidade de correr atrás no marcador.
Aos 24, quando parecia perto da virada, levou gol contra de Tarciane, em desastrada tentativa de recuo para a goleira Lorena. Amanda Gutierres empatou aos 35, com ótimos domínio e chute de pé esquerdo, mas novo vacilo ofereceu contragolpe à Colômbia, bem armado por Caicedo e bem concluído por Mayra Ramírez, aos 43.
Foi aí que entrou em ação Marta, que havia entrado em campo aos 36. A árbitra havia prometido seis minutos de acréscimos, e a bola se ofereceu à craque no sexto. Ela bateu de fora da área e forçou a prorrogação. No primeiro tempo extra, aos 15, errou cabeceio e contou com a sorte para marcar de pé direito.
Aí, foi a vez de a Colômbia correr atrás e alcançar o empate, aos dez minutos do segundo tempo, em ótima batida de falta de Leicy Santos.
Nos pênaltis, as colombianas chegaram a estar à frente, após um erro de Angelina, que teve o chute defendido por Tapia. Mas Paví e Leicy Santos também falharam, o que deu a Marta a chance de encerrar o campeonato.
A craque errou e teve de contar com suas companheiras. Luana marcou, Lorena defendeu, e o Brasil ergueu o troféu.
Alegria e reclamações
As brasileiras celebraram o triunfo, mas lamentaram as condições em que o campeonato foi disputado. O descaso foi a marca de um torneio realizado sem a melhor estrutura para as atletas e com público diminuto a final teve assistência um pouco maior, mas a organização adotou ao longo da disputa o padrão de não divulgar os números exatos, para evitar constrangimento.
“Havia muito tempo que eu não jogava um campeonato aqui na América do Sul. Ficamos tristes com essas situações. Cobram desempenho das atletas e um nível alto de trabalho, mas também temos que cobrar um alto nível de organização”, afirmou Marta, ainda na primeira fase, após a vitória por 6 a 0 sobre a Bolívia.
A partida ocorreu no Gonzalo Pozo Ripalda, estádio de Quito que recebeu nove dos dez duelos do Grupo B. O gramado foi castigado pelo excesso de jogos, o que levou a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) a estabelecer um procedimento que gerou ainda mais desconforto.
Foi determinado que as jogadoras deveriam realizar o aquecimento no vestiário, em espaço confinado, com uma divisão improvisada para as duas delegações. Eram cerca de 15 metros quadrados, com cheiro de tinta fresca e apenas dois banheiros.
Tornaram-se inevitáveis as comparações com a Eurocopa feminina, finalizada no último domingo (27), na Suíça, com estrutura de alto nível e recordes de público. A ótima final na qual a Inglaterra superou a Espanha nos pênaltis foi acompanhada por 34.203 espectadores no St. Jakob-Park, na Basileia.