SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após realizar uma cirurgia bariátrica e eliminar 55 kg, a influenciadora e dançarina Thais Carla passou a enfrentar uma nova onda de julgamentos nas redes sociais. Referência no movimento body positive e conhecida por defender a aceitação corporal, ela agora lida com a reação de parte do público que a acusa de ter traído as bandeiras que sempre levantou.

As críticas não começaram agora, mas eram de outra natureza. Thais já era alvo de ataques muito antes da cirurgia, quando qualquer postagem com as filhas ou registros do dia a dia viravam motivo de comentários gordofóbicos.

Ela conta que a exaustão física e emocional acumulada ao longo dos anos, agravada pelo desenvolvimento de diabetes gestacional e por não querer depender de medicamentos, pesaram na decisão de iniciar o processo de emagrecimento. “Foi pela saúde. Não foi por estética porque eu sempre tive autoestima”, diz em entrevista ao F5.

Com acompanhamento de psicóloga e outros especialistas, a dançarina realizou a cirurgia bariátrica em abril e diz ter passado a encarar o emagrecimento como parte de um cuidado com a saúde e não como forma de negar quem ela é. “Esse corpo gordo me levou a lugares inimagináveis”, afirma.

Ela acredita que muitas das críticas vêm de uma visão distorcida sobre o que realmente é o body positive. “É sobre ser quem você quiser ser e se sentir bem com isso”, explica. Para Thais, aceitar o próprio corpo também significa ter liberdade para fazer escolhas sobre ele, inclusive mudar.

A suposta contradição em seu discurso também foi questionada quando revelou que está usando Mounjaro, um medicamento para emagrer. A decisão provocou reações nas redes, especialmente por ela já ter ironizado esse tipo de uso no passado, como quando usou na São Paulo Fashion Week de 2024 uma camiseta com a frase “I Love Ozempic”.

Ela explica que, naquele momento, a crítica era direcionada ao uso indiscriminado do remédio sem acompanhamento médico. “Era para causar uma reflexão. Muita gente quer o resultado rápido e se automedica”, afirma. Hoje, Thais faz uso do medicamento com orientação profissional. “Foi uma decisão do grupo médico que me acompanha até hoje. Eu confio muito neles. Nada foi por conta própria.”

Desde a cirurgia, ela tem observado mudanças não só físicas, mas também na forma como se enxerga. Ela diz que o processo não é um sacrifício, mas uma escolha de estilo de vida.

“Essa nova jornada está sendo uma descoberta minha como artista”, diz. Ela conta que voltou a estudar teatro e já sonha com um papel em uma novela, filme ou musical.

A dançarina também começou a praticar esportes como boxe e tênis, atividades que, segundo ela, antes pareciam fora do alcance. “A cirurgia me trouxe coragem. Por mais que eu fosse uma pessoa muito empoderada, às vezes a gente acaba botando umas limitações na nossa própria cabeça.”

Apesar das transformações, ela afirma que não pretende alcançar um corpo magro nem atender às expectativas dos outros. “Eu quero viver minha vida em paz. Ir a um restaurante e sentar numa cadeira sem me preocupar se vou caber. Comprar roupa sem precisar mandar fazer.”

O que busca, diz, é qualidade de vida, mobilidade e liberdade para acompanhar as filhas, brincar com elas e circular em espaços que antes pareciam restritos. “Não quero criar expectativas, nem seguir padrão nenhum.”

Thais também está escrevendo sua biografia, ainda sem data de lançamento, em que revisitará momentos marcantes da vida pessoal e profissional. A proposta, segundo ela, é compartilhar não só conquistas, mas também fragilidades e desafios. “Eu falo sobre minhas dores, minhas vivências, como foi ser uma mulher gorda dançando, quebrando tabus, me expondo.”

Ao falar sobre emagrecimento, evita romantizar o processo. Reforça que não existe fórmula mágica e que cada decisão precisa ser tomada com consciência e acolhimento. “A bariátrica e o remédio não são solução mágica para tratar a doença da obesidade.”

Para ela, qualquer transformação deve partir da autonomia, não da pressão. “O número da balança não muda nada. Não define seu valor, sua beleza, quem você é de verdade.” Por isso, recomenda que cada pessoa trabalhe o autoconhecimento e procure ajuda profissional antes de tomar qualquer decisão.

Ela também reforça que a beleza não está limitada a um único tipo de corpo. “As pessoas não entendem muito que um corpo fora do padrão também pode ser lindo e capaz de fazer tudo o que quiser.”