SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Justiça do Rio aceitou a denúncia de tortura e extorsão mediante sequestro contra o cantor MC Poze do Rodo, nesta sexta-feira (1º). Poze agora virou réu no processo de seu ex-empresário, Renato Antonio Medeiros, que foi vítima de agressões em 2023.
“Verifico que há indícios de materialidade e de autoria delitiva nas figuras dos acusados, e a inicial descreve os fatos criminosos em todas suas circunstâncias, permitindo a completa compreensão da acusação e, consequentemente, o exercício da ampla defesa. Sendo assim, recebo a denúncia”, disse o juiz Guilherme Schilling Duarte na decisão.
O magistrado, no entanto, negou o pedido de prisão preventiva feito pelo MPRJ e determinou que os réus sejam citados para responder à acusação em dez dias -Poze e os outros envolvidos no processo responderão em liberdade.
Poze e amigos teriam sequestrado e torturado Medeiros após ele supostamente roubar uma joia do cantor. Segundo a denúncia, o artista e os outros réus envolvidos teriam atuado de maneira coordenada para agredir o ex-empresário e forçá-lo a confessar esse suposto roubo – na época, Poze negou as acusações.
Fraturas, queimaduras e lesões extensas. Roberto teria sido levado a residência de Poze do Rodo, em Vargem Grande, e mantido cárcere privado por uma hora e meia, quando sofreu socos, chutes, queimaduras com cigarros acesos e golpe com uma arma artesanal feita de madeira e pregos.
Além de MC Poze, outros seis tornaram-se réus no processo: Fábio Gean Ferreira da Silva, conhecido como Loirinho, Leonardo da Silva de Melo (Leo), Matheus Ferreira de Castilhos (Tiza), Maurício dos Santos da Silva, Rafael Souza de Andrade (Casca) e Richard Matheus da Silva Sophia.
A defesa do artista diz que confia que Poze será “inocentado de todas as acusações”. “A decisão que recebeu a denúncia é a mesma que afasta por completo o inusitado e incabível pedido de prisão preventiva para quem, desde sempre, respeita de forma incontestável todas as decisões do Poder Judiciário. Confiamos que ao fim deste processo a Justiça será feita e Marlon será inocentado de todas as acusações”.
PRISÃO EM MAIO DESTE ANO
Poze foi preso em 29 de maio por suposta apologia ao crime e envolvimento com o Comando Vermelho. De acordo com a Polícia Civil, o artista só se apresentava em áreas dominadas pela facção e a “segurança” desses eventos era garantida pela presença ostensiva de traficantes com armamento de grosso calibre.
Seu repertório musical também foi investigado. Segundo o processo, as letras de Poze fariam apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incitariam confrontos armados entre facções rivais.
A defesa do artista argumentou que sua prisão foi uma violação à liberdade de expressão. “A ação da Polícia Civil do Rio de Janeiro é seletiva e evidencia a perseguição à arte periférica. Fosse o paciente um artista ‘do asfalto’, certamente a prisão não ocorreria. O paciente não ultrapassou os limites da Liberdade de Expressão, uma vez que ele canta a realidade dos morros cariocas”.
Poze foi solto no início de junho e recebido por uma multidão. Após diversos protestos públicos e de outros artistas defendendo sua soltura, Poze do Rodo foi solto no dia 3 de junho e ele foi recebido por seus familiares, amigos e uma multidão de fãs.