da redação
Em um encontro promovido pelo jornal O Globo nesta sexta-feira (1º), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), analisaram o impacto político e econômico da recente escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos — em especial o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros e as sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Ronaldo Caiado se posicionou com firmeza contra o que chamou de “tarifaço americano” e afirmou que está em diálogo direto com representantes da embaixada dos EUA para tentar proteger empresas goianas dos prejuízos. “Já tivemos três reuniões com o encarregado de negócios Gabriel Escobar. Estamos buscando soluções para evitar demissões e a quebra de empresas”, destacou. Segundo ele, setores cruciais como o de carnes e açúcar, bastante representativos em Goiás, foram injustamente penalizados com as novas tarifas.
Caiado também comentou as possíveis motivações por trás das sanções contra Moraes e da decisão judicial que impôs uma tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Passaram dos limites dos dois lados. A crise institucional só se agrava e estamos perdendo o foco. A política virou um palco de retóricas, quando deveria ser um exercício de exemplo”, afirmou o governador, que ainda acusou o presidente Lula de se beneficiar da instabilidade: “A crise interessa a ele, porque gera uma cortina de fumaça. Mas o prejuízo econômico é real”.
Do outro lado, João Campos adotou um tom mais diplomático. Para o prefeito do Recife, as sanções impostas pelo governo Trump têm um claro viés político, e misturar temas institucionais com medidas econômicas pode comprometer a capacidade de negociação do país. “É um erro tratar temas da Suprema Corte como se fossem parte de uma mesa comercial. Precisamos separar as coisas e ter clareza de que a motivação dessa crise não é só jurídica — há um pano de fundo econômico evidente”, disse.
Campos ainda afirmou que o momento exige racionalidade e estratégia. “O Brasil precisa dialogar com firmeza e maturidade. Não é hora de baixar a guarda, mas também não é o momento de entrar numa disputa retórica. Temos que agir com altivez e defender o interesse nacional diante de uma potência como os Estados Unidos.”
Ambos os líderes reforçaram a necessidade de unidade para evitar que a crise se agrave ainda mais e prejudique a economia brasileira.