BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Equipes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da Polícia Civil de Goiás foram atacadas por garimpeiros nesta sexta-feira (1º), durante uma operação de fiscalização iniciada na terra indígena Sararé, em Mato Grosso, numa área próxima à fronteira com a Bolívia.

O ataque ocorreu enquanto os agentes realizavam abordagem a veículos utilizados no garimpo ilegal em uma estrada dentro da terra indígena. Durante a ação, uma caminhonete avançou contra os servidores, que reagiram contra a investida.

Um dos ocupantes do veículo foi atingido por um tiro na região do ombro. Os primeiros socorros foram prestados de imediato pela equipe no local, segundo informações do Ibama. A vítima ainda não foi identificada, mas, segundo informações preliminares, se trata de um homem com cerca de 50 anos.

O ferido foi levado por helicóptero até o município de Pontes e Lacerda. O Corpo de Bombeiros deu andamento ao atendimento hospitalar.

Dez escavadeiras usadas pelos garimpeiros foram destruídas nesse primeiro dia de operação, que não tem data para ser encerrada.

Com uma área de 67 mil hectares e habitada por grupos indígenas da etnia nambiquara, a terra indígena Sararé está entre as mais afetadas pelo garimpo ilegal no Brasil.

Segundo o Ibama, estima-se que aproximadamente 2 mil hectares tenham sido devastados pela exploração ilegal de ouro, impulsionada por organizações criminosas armadas que atuam na região.

Desde 2023, o Ibama vem intensificando as ações de repressão à atividade ilegal. De lá para cá, mais de 300 escavadeiras utilizadas no garimpo foram apreendidas e destruídas, além de motores e outros equipamentos.

A operação do órgão ambiental conta com o apoio do grupo tático da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais da Polícia Civil de Goiás e integra diversos órgãos públicos, conforme determinação da Justiça Federal, para contenção das atividades garimpeiras ilegais no território.

O Ministério dos Povos Indígenas elaborou um programa que estabelece as diretrizes para as operações de desintrusão, como são chamadas as ações que buscam expulsar invasores de terras indígenas, o que permitirá que o governo adote iniciativas após a retomada desses territórios.

Segundo a pasta, a prioridade será o atendimento da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 709, que corre no STF (Supremo Tribunal Federal) e demanda que o governo federal expulse invasores de oito territórios: Yanomami, Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau, Caiapó, Arariboia, Apyterewa Munduruku e Trincheira Bacajá.

Em maio, garimpeiros que atuam na extração ilegal de ouro no rio Madeira, na região de Humaitá, sul do estado do Amazonas, foram flagrados combinando motim e reação a tiros contra agentes da Polícia Federal e do Ibama que realizam uma operação contra o garimpo ilegal na região.

Em agosto do ano passado, houve confronto direto entre garimpeiros e agentes da PF no centro de Humaitá, após uma operação que destruiu dragas usadas nas atividades ilegais. Policiais militares chegaram a ser chamados para controlar a retaliação dos garimpeiros, que lançaram rojões contra os agentes.