SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Centrais sindicais, movimento estudantil e entidades de esquerda fizeram protestos nesta sexta-feira (1º) em capitais contra o tarifaço de Trump. Esvaziado, o ato da capital paulista em frente ao Consulado Geral dos Estados Unidos da América em São Paulo, no bairro de Santo Amaro, na zona sul da capital, pedia soberania nacional.
O presidente americano, Donald Trump, assinou na quarta-feira (30) a medida que institui tarifa de 50% sobre produtos brasileiros que entrarem nos Estados Unidos a partir do dia 6 de agosto.
Manifestantes usavam algemas e máscaras do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e do presidente dos EUA, Donald Trump. Bonecos com as máscaras de Trump e Bolsonaro foram queimados. Outros estavam vestidos com roupas listradas, semelhantes a uniformes de presidiários, em alusão ao julgamento de Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal).
“Hoje é o dia em que nós retomamos o verde amarelo”, falou uma representante da UNE (União Nacional dos Estudantes) aos que estavam no ato. Boa parte dos manifestantes vestia roupas com cores associadas à bandeira brasileira.
As críticas se estenderam à recente aplicação de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky. Por meio dessa decisão, o governo Trump determina o congelamento de qualquer bem ou ativo que Moraes tenha nos Estados Unidos, e também pode proibir entidades financeiras americanas de fazerem operações em dólares com uma pessoa sancionada. Isso inclui as bandeiras de cartões de crédito Mastercard e Visa, por exemplo
A movimentação não ocupava muito mais do que o meio quarteirão da entrada do Consulado -o que alguns atribuíram ao horário escolhido, na manhã de um dia de semana-, mas gerou incômodo aos que precisavam passar por lá.
Os carros que estavam parados em um estacionamento na mesma rua não conseguiam sair e demonstraram irritação. Além disso, a entrada e saída do próprio Consulado e de uma cafeteria que pertence a uma fintech que oferece abertura de conta internacional em dólar ficaram congestionadas.
“A bandeira do Brasil é do povo brasileiro, e não de uma elite extremamente fascista, atrasada, que não tem nenhuma preocupação com o povo”, disse Antônio Saboia, diretor do Sindicato dos Bancários.
“Aquele que tenha algum sentimento de amor pelo país não pode virar as costas para o povo brasileiro. É hora de unir forças e pensar que a grande pauta é a defesa do Brasil e da sua soberania”, acrescenta.
Entre os cartazes levantados, alguns diziam “É hora de distinguir traidores de patriotras”.
“Essa taxação é bem cruel. No fundo, o Trump quer acabar com o Brics [grupo de países de economia emergente]”, diz Tânia Aparecida de Souza Rocha, 63, aposentada e militante no coletivo Flores Pela Democracia desde 2018.
“Agora ele isentou 700 itens do tarifaço. Mas por quê? Porque iria prejudicar a economia deles. Não pensam na nossa”, afirma.
Manifestações semelhantes ocorreram em frente à embaixada dos EUA em Brasília pela manhã, onde os atos e críticas registrados em São Paulo foram replicados.
Também nesta manhã, ocorreu uma ação em frente ao Consulado dos Estados Unidos/FIEMG em Belo Horizonte, promovida por estudantes universitários liderados pela UEE-MG (União Estadual dos Estudantes) e movimentos estudantis.
Durante a ação, os participantes estenderam uma faixa que dizia que “soberania é o povo no poder”. Ainda nesta sexta, haverá um ato maior em Minas Gerais, na praça Sete, convocado pela UEE-MG, em conjunto com a UNE, as centrais sindicais CTB e CUT e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. A concentração está marcada para as 17h, mas a expectativa é que a maior parte do público chegue por volta das 18h.
VEJA OUTROS ATOS CONFIRMADOS EM PROTESTO A TRUMP
– Rio de Janeiro (RJ): 18h, no consulado dos EUA
– Belo Horizonte (MG): 17h, na praça Sete
– Salvador (BA): 15h, no Campo Grande
– Recife (PE): 15h30, na praça do Derby
– Porto Alegre (RS): 18h, na Esquina Democrática
– Manaus (AM): 16h, na praça da Polícia/Palacete Provincial