Da Redação

O cantor gospel Wellington Camargo, irmão caçula de Zezé Di Camargo, se tornou alvo de duras críticas nas redes sociais após publicar um vídeo em que faz comentários considerados desrespeitosos sobre a morte da cantora Preta Gil. Em tom condenatório, ele associou o câncer colorretal que vitimou a artista a declarações que ela havia feito anteriormente sobre sua vida íntima.

No vídeo, publicado após a morte de Preta, Wellington insinua que a doença teria ligação com sua sexualidade.

— Ela disse que sexo anal é maravilhoso. Agora vejam só onde foi a doença dela — afirmou, sugerindo um juízo moral sobre a causa do câncer.

A fala, amplamente compartilhada nas redes, gerou indignação entre internautas, fãs da cantora e defensores dos direitos humanos, que acusaram o cantor de usar a religião como justificativa para propagar preconceito e atacar a memória de uma pessoa falecida. Muitos apontaram a gravidade do discurso, especialmente vindo de uma figura pública ligada ao meio religioso.

Preta Gil, filha do cantor e ex-ministro Gilberto Gil, lutava desde 2022 contra o câncer e faleceu aos 49 anos. Sua trajetória foi marcada por coragem, posicionamentos firmes e apoio às causas sociais e à liberdade individual — o que fez de sua imagem um símbolo para muitas pessoas, inclusive no enfrentamento do preconceito.

Trajetória de superação e polêmicas

Wellington Camargo, nascido em Vila Propício (GO), ficou nacionalmente conhecido em 1998, quando foi vítima de um sequestro que durou 94 dias. Na ocasião, teve parte da orelha mutilada pelos criminosos. Desde criança, convive com sequelas de uma poliomielite, diagnosticada aos dois anos de idade. Sua vida foi marcada por dificuldades, superações e pela busca de um caminho na música gospel.

O sequestro de Wellington teve grande repercussão na mídia. Em 2023, um dos sequestradores, Suail Nascimento de Souza, foi preso em Guapó (GO), em uma operação contra o tráfico internacional de drogas. Foragido desde 2020, ele já havia sido condenado por tráfico, roubo a banco e pelo próprio sequestro.

Reflexão coletiva sobre os limites do discurso religioso

A polêmica levantada pela fala de Wellington reabriu uma discussão sensível: até onde vai a liberdade de expressão quando o discurso ultrapassa os limites do respeito? Especialistas e ativistas apontam que manifestações públicas como a do cantor, sobretudo em momentos de luto, não apenas ferem a dignidade dos envolvidos, mas também contribuem para a disseminação de preconceitos, especialmente contra a comunidade LGBTQIA+ e pessoas com doenças graves.

Até o momento, Wellington Camargo não se retratou. A família de Preta Gil, por sua vez, optou pelo silêncio em meio às manifestações de carinho e solidariedade que seguem chegando após sua morte.