Da Redação
A cidade de Belém, no Pará, corre o risco de perder a COP-30, marcada para novembro, devido a uma onda de críticas lideradas por 25 países. Entre os signatários estão nações como Canadá, Suécia, Holanda, Áustria e Finlândia, que encaminharam uma carta oficial às Nações Unidas pedindo que a conferência climática seja transferida parcial ou totalmente para outro local. O motivo? Diárias de hospedagem que chegam a ultrapassar R$ 10 mil — valor até 15 vezes acima do praticado normalmente.
Segundo o documento revelado pela Folha de S. Paulo, os preços exorbitantes estão tornando inviável a participação de países em desenvolvimento e de delegações com recursos limitados. A carta também menciona falhas de infraestrutura urbana, segurança e mobilidade como entraves sérios. “É preciso garantir que todos consigam se hospedar de forma digna, segura e acessível, com deslocamentos eficientes até o pavilhão principal, mesmo durante a noite”, diz um trecho da carta endereçada ao governo brasileiro e à UNFCCC, o braço climático da ONU.
A realização da COP na Amazônia sempre foi vista como um gesto estratégico do governo Lula, que desejava colocar a floresta no centro das discussões ambientais globais. No entanto, os gargalos locais ameaçam manchar essa conquista simbólica.
Em reação à pressão internacional, o governo brasileiro corre contra o tempo. Uma reunião de emergência da ONU já foi realizada no último dia 29 de julho, e o Brasil tem até 11 de agosto para apresentar soluções viáveis. Entre as ações propostas estão investigações contra abusos no setor hoteleiro, parcerias com Airbnb, uso de moradias alternativas como escolas e até navios de cruzeiro ancorados para servir de hospedagem temporária.
Além disso, uma plataforma oficial de hospedagem foi lançada oferecendo até 2.500 quartos subsidiados com preços entre US$ 200 e US$ 600 por diária, dependendo da delegação. Ainda assim, os países signatários consideram as medidas insuficientes e criticam, por exemplo, a sugestão de que membros de delegações compartilhem quartos. Eles exigem tarifas mais próximas de US$ 164 e preferencialmente em áreas próximas ao local do evento, o Parque da Cidade.
Com o tempo se esgotando, o risco de Belém deixar de sediar a conferência mais importante do ano no combate às mudanças climáticas cresce — e o simbolismo de levar o mundo à Amazônia pode se perder em meio à desorganização e à especulação.