SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Caro leitor, o presidente americano não nos deixa opção: precisamos falar (mais) sobre o tarifaço. Desta vez, detalhamos o que mudou nas tarifas de outros países e quais os setores mais atingidos no Brasil.

Também aqui: Amazon quer mudar a relação entre IA e propriedade intelectual e a história de como o homem mais poderoso do mundo escalou a alta sociedade americana e outras notícias do mercado

*JOGO RÁPIDO*

Ontem, Trump confirmou mais uma vez —a terceira, segundo as contas da FolhaMercado— a sobretaxa de 50% sobre as exportações brasileiras. Ele ainda anunciou mudanças para outras nações.

Algumas tarifas foram reajustadas para cima para corresponder às ameaças de Trump em cartas enviadas a vários países, enquanto outras formalizaram acordos recentes com Vietnã, Japão, Indonésia, Filipinas e União Europeia. Vamos a uma lista de quem ganhou mais tarifas:

O vizinho Canadá, onde o presidente americano tem encontrado resistência, ganhou uma taxa de 35% já a partir de hoje. Antes, a tarifa era de 25%.

O Brasil recebeu a maior alíquota —50% no total. Depois dele, os destaques são Síria (41%), Suíça (39%), África do Sul (30%) e Venezuela (15%).

Índia e Taiwan serão alvo de uma tarifa de 25% e 20%, respectivamente. Lesoto, que havia sido ameaçado com uma taxa de 50%, ficou com 15%.

Os países que não figuram na lista publicada ontem à noite estão sujeitos a uma taxa de 10%.

*A HISTÓRIA DE QUEM VAI E QUEM FICA*

Enquanto alguns poucos acordaram aliviados com o recuo de Donald Trump na taxação de alguns produtos, outros passaram o dia atordoados com a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras.

Até o dia 6 de agosto, quando a sobretaxa entra em vigor, há margem de manobra —e os representantes dos setores prejudicados querem negociações na mesa para ontem.

🥭 Salada de frutas. Manga, uva, açaí e outras processadas compõem 90% do total de frutas exportadas ao país norte-americano.

Os Estados Unidos absorveram cerca de 77 mil toneladas, ou US$ 148,3 milhões, de frutas brasileiras no ano passado. A quantidade equivale a 7% do total exportado pelo setor em volume e 12% do faturamento.

Os produtores das commodities, não é preciso dizer, estão desesperados. A manga está entre os casos mais preocupantes para a Abrafrutas, associação que representa o grupo.

Pequenos produtores que abastecem o mercado nacional e outros países já veem suas mangas encalharem e o preço desabar —como a produção que ia aos EUA já está sendo redirecionada, o mercado de manga começa a superlotar do produto.

☕ Vai um cafezinho? O café foi uma das surpresas entre as ausências nas isenções. O Brasil fornece 8 milhões de sacas das 23 milhões que os americanos importam anualmente.

Para suprir a falta dos brasileiros, as indústrias americanas terão de buscar o café em mercados pulverizados e com produto para fornecer.

Além da bebida ficar mais cara, o consumidor terá uma provável alteração no sabor.

🎭 Figurantes. Ficaram de fora da sobretaxa cadeias mais ajustadas e organizadas, como a de celulose e suco de laranja. Com isso, segmentos brasileiros de menor escala sairão bastante penalizados.

São dezenas de produtos perecíveis vindos de pequenos produtores, que não conseguem outros mercados rapidamente, principalmente porque eles exigiriam a aprovação de entrada com novos padrões sanitários.

Gengibre, páprica e açafrão estão nessa lista.

Um quarto do que o Brasil exporta de gengibre vai para os EUA.

🥩 Vacas magras. A carne bovina é uma das exportações brasileiras mais essenciais para os americanos —o que pode servir de carta na manga para conseguir mais nas negociações que estão por vir.

↳ É provável que a pressão para taxar a exportação de frigoríficos brasileiros tenha vindo de dentro: os pecuaristas americanos nunca digeriram bem a abertura do mercado dos EUA para o Brasil.

A realidade, porém, é que o rebanho americano está em queda e é o menor desde a década de 1960. A produção cai ano a ano, e os americanos deverão entregar a liderança mundial da produção para o Brasil em um ou dois anos.

Fato é… que o governo de Donald Trump usou a inflação considerada alta em sua campanha eleitoral. A expectativa é de que essa tarifa seja negociada em algum momento, pois deve contribuir para o aumento de preços nos EUA.

*QUEM PENSOU PRIMEIRO?*

A relação entre inteligência artificial e propriedade intelectual já nasceu complicada. A Amazon está dando o tom do que pode ser um futuro conciliatório entre os dois lados: big techs e companhias que trabalham com direitos autorais.

↳ Vale lembrar que as big techs, como a OpenAI, já receberam processos de estúdios de cinema, jornais, editoras e todo tipo de companhia que produz conteúdo intelectual.

📰 Comprei, é meu. A Amazon vai pagar de US$ 20 milhões (R$ 116 milhões) a US$ 25 milhões (R$ 140 milhões) por ano ao The New York Times para treinar sua inteligência artificial com reportagens do jornal americano, segundo apuração do The Wall Street Journal.

↳ É a primeira vez que o jornal permitirá o uso de seus textos para treinar modelos de inteligência artificial de uma empresa de tecnologia.

O contrato autoriza o uso de resumos e trechos curtos de reportagens e receitas culinárias em produtos da Amazon. O movimento das duas empresas pode ser espelhado por outras duplas dos setores de tecnologia e entretenimento.

🏠 Fora da casinha. Outra iniciativa envolvendo a Amazon, inteligência artificial e entretenimento chamou a atenção nos últimos dias.

A gigante do e-commerce anunciou o investimento em um modelo de IA do Fable Studio que permite aos usuários criar seus próprios programas de TV com base em propriedades intelectuais já existentes.

Como assim? O Showrunner quer assinar contratos com estúdios para eles liberarem seus personagens, estilos e universos para uso da plataforma. A partir disso, os internautas poderão escolher um template e criar seus próprios episódios de séries e programas.

Um exemplo: na interface do Showrunner, você escolhe o universo dos Simpsons. Lá, você descreve o que deseja assistir e ele reproduz usando os personagens amarelos e o estilo de desenho do programa.

O Fable Studio afirma que um estúdio já aceitou participar da empreitada e que está em negociação com a Disney.

E aí? Ficou curioso?

*PARA VER*

“O Aprendiz”

“The Apprentice”. Prime Video. 60 minutos.

Nesta semana, um nome não saiu da boca dos líderes globais e dos jornalistas: Donald Trump roubou os holofotes ao impor tarifas sobre o Brasil, União Europeia, Índia e mais um monte de gente.

A história do líder já era interessante mesmo antes dele se filiar ao Partido Republicano e ser eleito presidente dos Estados Unidos e é nela que a indicação da semana se debruça.

O filme “O Aprendiz” conta a história de Trump (interpretado por Sebastian Stan), um jovem empresário na cidade de Nova York dos anos 1970 aos anos 1980. Enquanto tenta reerguer o negócio imobiliário da família, ele foge de um processo judicial importante.

Ao conhecer o advogado Roy Cohn (Jeremy Strong), ele aprende o que fazer para ser um “business man” de sucesso. Dali para frente, o resto é história.

*O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER*

💼 Carteira assinada. A taxa de desemprego no Brasil está abaixo de 6% pela primeira vez na história.

💸 Quanto Vale? O lucro da Vale caiu 17% no segundo semestre, para R$ 12,1 bilhões.

🛋️ Família vende tudo. CSN vende quase 5% de ações da Usiminas para empresa dos irmãos Batista.

🐦 Passarinho no ninho. A Airbus tem 60 aviões prontos, mas eles ainda não podem voar por falta de motores.