(FOLHAPRESS) – Existe certo charme de mistério quando se entra num restaurante meio escondido. É assim no Petí. Para chegar às mesas é preciso atravessar uma loja de materiais para pintura. E, mesmo sabendo que o trabalho do chef Victor Dimitrow não é exatamente uma surpresa nos roteiros gastronômicos da cidade, a sensação ao final da refeição é que experiência supera as expectativas.

Ao ver o cardápio, a primeira coisa que saltou aos olhos naquele almoço de sexta-feira foi o preço. Havia opção de refeição (com couvert, entrada, principal e sobremesa) por menos de R$ 100. Quem sai para comer em São Paulo já se acostumou a pagar isso num único prato.

Aos finais de semana, o menu completo fica mais caro, entre R$ 130 e R$ 140. Mas continua valendo a pena. Basta uma olhada na finalização das receitas na boqueta para notar o esmero da equipe, o frescor dos ingredientes e a beleza das apresentações.

No dia da visita, a brigada da cozinha era 100% feminina. Focadas, elas trabalhavam com tantos elementos (ervas, folhas, cremes e molhos) que, por uma questão de espaço, este texto vai se ater aos que são mais necessários para entender a essência de cada prato.

Foram provados dois combos. O primeiro custou R$ 99,50. Após o couvert, chegou a frittata de três batatas. A combinação das batatas roxa, doce-laranja e doce-rosada servida com uma compota cítrica tem resultado adocicado e intrigante.

De principal, polpetone de cordeiro recheado com queijo sobre compota de tomate. Veio acompanhado por duchesse de mandioquinha, que é um purê modelado com bico de confeitar e depois assado. Na boca, o conjunto traz toques de defumado, picância e caramelo. Este último, talvez proveniente da tapenade de alho negro.

A sobremesa, éclair de milho, era leve, aerada e pouco doce. Acompanhada por um suave creme de queijo, sablé de amendoim, gotas de gel de café e pipocas caramelizadas que embelezam, adoçam na medida e dão crocância.

O segundo combo degustado seguiu brincando com texturas e sabores múltiplos num único prato. Começou com jiló marinado com gengibre, acompanhado de molho romesco, tahine e picles de couve-flor roxa.

De principal, uma generosa posta de dourado-do-mar grelhado sobre nhoque de ervas, aspargos e molho de manteiga com mel cercado por pesto de manjericão. Sabores que conseguem ser delicados e potentes ao mesmo tempo.

Para encerrar, uma maçã que brilha. Em todos os sentidos! Envolta em gelatina de caramelo, é recheada com bavaroise de chocolate branco caramelizado, rodeado por farofinha doce e pequenas porções de gelatina de caramelo, nata batida e gel de quentão.

Uma sobremesa que tem tudo para figurar na lista dos melhores doces que você já provou. E que, provavelmente, não provará mais. Porque uma das bênçãos do Petí é também sua maldição: para aproveitar a sazonalidade, o menu muda completamente a cada 20 dias. Mas a qualidade técnica e a criatividade estão sempre ali.

No fim, ainda que num ambiente simples e informal, o Petí oferece uma experiência gastronômica de excelência. E mais: as porções são generosas, e ninguém precisa deixar um rim para pagar a conta.

PETÍ RESTAURANTE

Avaliação Ótimo

Onde R. Cotoxó, 110, Pompeia, região oeste

Instagram @petirestaurante