RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) resgatou na segunda-feira (29) um homem em suposta situação análoga à escravidão em uma fazenda na zona rural de Januária, município no norte de Minas Gerais a 593 km de Belo Horizonte.

A fazenda produz mudas de plantas ornamentais e frutíferas. Segundo a investigação, o homem, que não teve a identidade revelada, cuidava da roça, com capina e irrigação manual de centenas de plantas e aplicação de agrotóxicos com bomba nas costas. Ele também prestava serviços de pedreiro, afirmou.

O Ministério do Trabalho não divulgou o nome da fazenda, nem do proprietário, e a reportagem não conseguiu localizá-lo. Um auto de infração foi lavrado contra o empregador.

A Polícia Militar, que deu apoio ao resgate, afirmou que o dono da fazenda se comprometeu a pagar os direitos trabalhistas.

Segundo o MTE, foi reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho e os direitos não quitados deverão ser pagos em até dez dias. A Promotoria de Minas Gerais vai acompanhar o caso.

A equipe de fiscalização afirmou ter encontrado na fazenda um barracão de 20 metros quadrados, com lixo espalhado e instalações elétricas com risco de incêndio. Ainda segundo a investigação, o homem de 37 anos vivia com a mulher e dois filhos de 6 e 9 anos. Não havia banheiro e a família se lavava a céu aberto, segundo a auditoria.

O empregador não fornecia água potável, segundo os auditores, e o homem percorria 7 km de bicicleta com um galão de combustível de 25 litros para buscar água.

O funcionário trabalhava de segunda-feira a sábado e recebia R$ 80 por dia -os valores eram ajustados sem formalização, ainda segundo o ministério. Ele não tinha registro em carteira desde 2019 e não teve acesso a direitos trabalhistas como férias, 13º e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

A família foi levada para a casa de parentes e as crianças serão acompanhadas pela secretaria de Assistência Social e o Conselho Tutelar de Januária, de acordo com o órgão.