Walison Veríssimo

A Operação Picadeiro, deflagrada pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), investiga o desvio de R$ 1,8 milhão em emendas parlamentares impositivas destinadas à Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia entre 2023 e 2024. Os recursos foram repassados a duas ONGs que, segundo a Polícia Civil, não apresentaram capacidade técnica, estrutura operacional ou experiência nas áreas previstas nos projetos.

A investigação tem como foco principal o ex-secretário de Cultura, que esteve à frente da pasta por quase toda a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade). Segundo a Polícia, os termos de fomento foram liberados com falhas graves de tramitação: ausência de parecer técnico, falta de cronograma de desembolso, inexistência de prestação de contas e omissão na nomeação de gestores e comissão de monitoramento.

Em um dos casos, o plano de trabalho previa três eventos circenses entre março e abril de 2024. No entanto, o repasse só foi realizado em maio, sem comprovação da execução. Meses depois, a própria ONG solicitou mudança no objeto da parceria, propondo a substituição dos espetáculos por uma exposição de carros. A alteração foi aceita, mesmo contrariando a legislação.

“O novo plano de trabalho suprimiu a exigência de comprovar a realização da meta com apresentação de notas fiscais, o que cria obstáculos efetivos para a verificação da ocorrência”, afirmou o delegado Bruno Barros, responsável pela investigação, em entrevista à TV Anhanguera.

Durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão, a Polícia Civil encontrou esmeraldas na residência do ex-secretário. As pedras foram apreendidas e passarão por perícia.

As emendas que originaram os repasses partiram de dois parlamentares com atuação na área cultural. Os nomes ainda não foram oficialmente confirmados. Os investigados podem responder por peculato, falsidade ideológica, associação criminosa e fraude à execução de convênios públicos. A operação segue em andamento.