BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A dívida bruta do Brasil avançou a 76,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em junho saldo de R$ 9,4 trilhões. Em relação ao mês anterior, houve um aumento de 0,5 ponto percentual, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira (31).
A dívida bruta que compreende governo federal, INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e governos estaduais e municipais, é um dos principais indicadores econômicos observados pelos investidores na hora de avaliar a saúde das contas públicas do país.
A comparação é feita em relação ao PIB para mostrar se a dívida do governo é sustentável. A trajetória da dívida bruta é hoje um dos focos de preocupação do mercado financeiro.
A variação mensal foi influenciada principalmente pela pressão de 0,7 ponto percentual de alta gerada pelos gastos com juros da dívida e de 0,5 ponto das emissões líquidas de dívida. No sentido contrário, o efeito contábil do crescimento do PIB retirou 0,5 ponto percentual e o efeito da valorização cambial contribuiu com alívio de 0,2 ponto, limitando o crescimento da dívida bruta do país.
A elevação dos juros gera uma pressão adicional sobre o endividamento da União. Cada um ponto percentual de aumento da taxa básica (Selic), mantida por 12 meses, eleva a dívida bruta em R$ 52,4 bilhões (0,43 ponto percentual do PIB), segundo o BC.
Nesta quarta (30), o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter inalterada a taxa básica de juros em 15% ao ano e interrompeu o ciclo de alta com a Selic no maior nível em 19 anos.
Pela metodologia do FMI (Fundo Monetário Internacional), a dívida bruta do Brasil atingiu 89,9% do PIB em junho, ante 88,4% no mês anterior. Nesse conceito, toda a dívida mobiliária do Tesouro Nacional na carteira do Banco Central é considerada no cálculo. A autoridade monetária, por sua vez, desconsidera isso em sua metodologia e inclui as operações compromissadas.
Em junho, a dívida líquida, que desconta os ativos do governo, subiu 0,9 ponto percentual em relação ao mês anterior e chegou a 62,9% do PIB saldo de R$ 7,7 trilhões. Esse foi o maior resultado da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001.
Ainda segundo dados do BC, o setor público consolidado brasileiro registrou déficit primário de R$ 47,1 bilhões em junho, ante resultado deficitário de R$ 40,9 bilhões no mesmo mês do ano passado.
O montante engloba os resultados de governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social), governos estaduais e municipais e de empresas estatais.
O resultado negativo refletiu déficit registrado em todas as instâncias, de R$ 43,5 bilhões do governo central, de R$ 2,6 bilhões das empresas estatais e R$ 954 milhões de estados e municípios.
Em 12 meses, o setor público consolidado acumulou superávit primário de R$ 17,9 bilhões (0,15% do PIB). O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) persegue uma meta fiscal de déficit zero, mas a margem de tolerância permite que o resultado efetivo seja negativo em até R$ 31 bilhões.