da redação
Em uma decisão que reacende tensões diplomáticas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) uma Ordem Executiva que classifica o Brasil como uma ameaça à segurança nacional norte-americana. A medida, publicada sob o título “Enfrentando uma emergência nacional”, coloca o país sul-americano ao lado de nações historicamente rivais de Washington, como Irã, Venezuela e Cuba.
O decreto se ampara na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), de 1977, que permite ao presidente dos EUA impor sanções econômicas unilaterais em caso de riscos externos ao país. Com isso, o Brasil passa a sofrer uma tarifa extra de 40% sobre determinados produtos, elevando a taxação total para 50%.
A justificativa de Trump
Segundo a Casa Branca, o governo brasileiro estaria adotando práticas consideradas abusivas e prejudiciais à liberdade de expressão e à soberania de empresas norte-americanas. Trump acusa o Brasil de coagir plataformas digitais a moderarem conteúdos com viés político e de pressionar companhias americanas a entregarem dados de usuários dos EUA.
“O governo brasileiro tem agido de maneira autoritária ao tentar controlar o discurso digital, afetando diretamente interesses econômicos e políticos dos Estados Unidos. Suas ações são uma ameaça incomum e extraordinária”, afirma o comunicado oficial.
Além disso, o documento cita explicitamente o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores como um dos motivos centrais da sanção. Segundo a administração Trump, a perseguição judicial e política ao ex-mandatário brasileiro representa uma violação grave dos direitos humanos e do Estado de Direito.
Reação e repercussão
A decisão pegou diplomatas e analistas internacionais de surpresa, especialmente pelo tom agressivo e pelas consequências econômicas. Para especialistas em relações exteriores, a medida é tanto uma retaliação política quanto um aceno à base bolsonarista — com quem Trump mantém forte alinhamento ideológico.
Além de gerar instabilidade comercial, a tarifa extra pode afetar diversos setores da economia brasileira, incluindo a exportação de máquinas, produtos agrícolas e bens industriais, dependendo dos detalhes que ainda serão regulamentados.
Em Brasília, o Itamaraty ainda não se pronunciou oficialmente sobre a Ordem Executiva, mas fontes do governo brasileiro classificam a medida como “extrema e desproporcional”. Internamente, há pressões para que o presidente Lula reaja com firmeza, mas sem comprometer ainda mais as relações bilaterais.
O peso político da medida
Mais do que uma disputa econômica, a ação de Trump tem um claro pano de fundo político. Ao citar o STF, as investigações contra Bolsonaro e as decisões do ministro Alexandre de Moraes, o presidente americano faz uma crítica aberta ao sistema judiciário brasileiro — algo incomum nas relações diplomáticas entre países aliados.
A classificação do Brasil como ameaça à segurança dos EUA é, por si só, um gesto simbólico de grande impacto, que pode dificultar parcerias futuras, inclusive no campo comercial e militar. Para observadores internacionais, trata-se de um passo arriscado que aproxima ainda mais Trump de seu aliado ideológico Bolsonaro — mesmo que às custas da estabilidade entre duas das maiores democracias do continente.
Agora, o mundo observa como o governo brasileiro reagirá à mais dura acusação diplomática feita por Washington nas últimas décadas.