BELO HORIZONTE, MG, PORTO ALEGRE, RS, RIO DE JANEIRO, RJ, RECIFE, PE, MACEIÓ, AL, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Diante da expectativa pela nova política tarifária dos Estados Unidos contra as exportações brasileiras, anunciada nesta quarta-feira (30), governos de alguns dos estados mais afetados, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná, disseram ainda calcular os efeitos da sobretaxa de 50% e anunciaram políticas de apoio aos principais setores locais afetados pelas novas taxas.
Procurados, os governos de São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo, Ceará, Maranhão, Paraíba e Pernambuco, estados que também estão entre os mais afetados pela nova política americana, não responderam até a publicação desta reportagem.
MINAS GERAIS
Em Minas Gerais, estado cujo principal produto de exportação, o café, será afetado pelas novas tarifas, o governo anunciou a liberação de R$ 100 milhões de créditos de ICMS às empresas de setores afetados.
Elas também terão direito a empréstimos com taxas de 0,9% ao mês, carência de 12 meses e um prazo de 60 meses para pagamento.
O financiamento será feito via Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), que separou R$ 200 milhões de seu orçamento para a modalidade.
“Como o decreto foi publicado hoje, as nossas equipes estão trabalhando para identificar quais são essas empresas e setores afetados, porque o recurso é finito. E o grande objetivo é auxiliar aquelas que mais precisam nesse momento”, disse nesta quarta o presidente do banco de fomento, Gabriel Viégas.
Ele também afirmou que haverá um teto para financiamento a cada empresa, que será definido junto ao governo do estado e ao setor empresarial.
Apesar de o café não constar na lista de exceções à nova tributação, o ferro-gusa, segundo principal item de exportação do estado aos americanos, não será afetado pelas novas taxas, o que trouxe um alívio para as indústrias mineiras que estiveram reunidas nesta quarta com representantes do governo.
PARANÁ
Medidas semelhantes foram anunciadas na última semana pelo Governo do Paraná, que afirmou que as empresas afetadas pelo tarifaço poderão usar crédito de ICMS para monetização ou usá-los como garantia na tomada de recursos.
Elas também terão direito à flexibilização de prazos para investimentos já acordados e ao aumento da oferta de crédito.
Outras medidas envolvem a disponibilidade de R$ 400 milhões em recursos em bancos de fomento para disponibilidade imediata.
A gestão afirma que os impactos sobre os setores ainda são incertos e não descarta adotar novas medidas ao longo das próximas semanas.
O Paraná vende, em média, US$ 1,5 bilhão por ano em produtos aos Estados Unidos. As principais exportações são de madeira e derivados (MDF, esquadrias, portas, etc).
RIO GRANDE DO SUL
O governo do Rio Grande do Sul anunciou na última sexta-feira (25) um pacote de crédito de R$ 100 milhões para exportadores gaúchos impactados pelas tarifas.
O acesso ao financiamento, com custo fixado de inflação mais 4% ao ano, será liberado na próxima segunda-feira (4) pelo BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul).
Com as exceções abertas pelo decreto de Donald Trump, o maior impacto deve recair sobre o setor de armamentos.
No Rio Grande do Sul, ele é representado pela Taurus, que mantém uma fábrica em São Leopoldo e emprega 2.700 pessoas diretamente. Em 2024, as vendas de armas do RS para os EUA em 2024 chegaram a US$ 170,2 milhões, quase 86% do total exportado.
O CEO da Taurus, Salesio Nuhs, disse que as restrições causadas pelas tarifas podem levar a empresa a aumentar as operações na unidade no estado da Georgia, em detrimento da produção brasileira.
Também há impacto no setor coureiro-calçadista, que ficou de fora da lista de isenções, e no ano passado exportou US$ 176,2 milhões (19,4% da produção) para os EUA.
RIO DE JANEIRO
O governo do Rio de Janeiro afirmou que ainda pretendia analisar o decreto de Trump para entender a situação na tarde desta quarta-feira, segundo a Secretaria da Casa Civil.
O órgão coordena um grupo de trabalho criado neste mês pelo governador Cláudio Castro (PL) para analisar os possíveis impactos do tarifaço para a economia fluminense.
A Casa Civil afirma que o Rio de Janeiro é o segundo maior estado exportador para o mercado americano. Entre os destaques nas vendas está o petróleo refinado. Derivados da commodity ficaram de fora da sobretaxa de 50% de Trump.
O Governo de Sergipe afirmou que criou um grupo de trabalho para avaliar os impactos da medida do governo americano nos setores econômicos do estado.
“O objetivo é realizar um levantamento detalhado dos dados, entender os efeitos práticos em cada área e buscar medidas junto ao Governo Federal para colaborar com os segmentos atingidos”, disse em nota.