Ministro do STF não pretende adiar análise sobre tentativa de golpe e prepara resposta pública a retaliação americana
Apesar das sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não planeja alterar o cronograma do julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro. A análise do processo sobre a tentativa de golpe de Estado segue mantida para setembro, segundo auxiliares próximos ao magistrado.
De acordo com interlocutores ouvidos por jornalistas em Brasília, Moraes está determinado a não permitir que pressões externas interfiram no andamento da Justiça brasileira. Ele deverá se pronunciar oficialmente sobre o episódio na próxima semana, durante a cerimônia de reabertura do ano judiciário, marcada para o início de agosto.
Um dos assessores chegou a fazer um comentário bem-humorado sobre o episódio:
— “Eu gosto de guerra. Ainda mais quando é Davi contra Golias”, disse, em referência ao embate diplomático entre o Brasil e a maior potência do mundo.
Sanção internacional
A medida dos Estados Unidos foi anunciada nesta quarta-feira (30), com base na chamada Lei Magnitsky Global, instrumento jurídico que permite ao governo americano aplicar sanções a estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou corrupção.
Com a decisão, eventuais bens de Alexandre de Moraes nos Estados Unidos foram bloqueados, assim como qualquer empresa ou entidade com ligações comerciais com ele. Além disso, cidadãos americanos estão proibidos de realizar transações com o ministro.
A ação ocorre duas semanas após os EUA revogarem o visto diplomático de Moraes, em mais um capítulo do aumento de tensão entre o Judiciário brasileiro e o governo norte-americano, liderado por Donald Trump.
Pressão internacional não muda cenário
A punição a Moraes é vista como parte de uma estratégia mais ampla da gestão Trump, que vem questionando a condução das investigações no Brasil sobre os atos de 8 de janeiro de 2023 e o papel do Judiciário nas eleições passadas.
Mesmo assim, fontes do STF garantem que nenhuma pressão externa irá interferir nos processos internos da Corte. O julgamento de Bolsonaro é tratado como prioridade e será analisado dentro dos prazos estabelecidos.