Walison Veríssimo

Antes do cancelamento da reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) afirmou que a medida anunciada pelos Estados Unidos, que impõe taxação de 50% sobre produtos brasileiros, é reflexo de uma crise diplomática mal gerida pelo governo federal e que atinge diretamente estados como Goiás. “Eu não fui consultado para essa queda de braço entre o presidente Lula e o governo americano. E os que mais serão penalizados serão os governadores e os prefeitos”, disse.

A declaração foi dada na véspera do encontro que aconteceria nesta quarta-feira (30), em Brasília, mas acabou cancelado após a ausência confirmada de governadores de oposição a Lula, como Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Cláudio Castro (RJ) e Eduardo Leite (RS). Mesmo com resistência ao Planalto, Caiado foi um dos poucos chefes de Executivo que mantiveram a presença confirmada.

Segundo o governador, a taxação americana coloca em risco setores estratégicos da economia goiana, como frigoríficos, açúcar orgânico, aquicultura e produção de ração pet.

“A sinalização já é de queda no preço do boi. Frigoríficos estão cancelando abate. A crise hoje, principalmente numa das maiores indústrias de Goiás, que é a Jalles, em relação à produção do açúcar orgânico. Os produtores de tilápia, de mel, de ração pet. São várias áreas que têm na exportação para os Estados Unidos sua principal receita”, alertou.

Caiado também questionou a condução do governo federal nas negociações com os norte-americanos e comparou a postura com a adotada por outros países. “Países que são superavitários em relação à economia americana já conseguiram construir uma taxa de 15%. E o Brasil, que exporta muito menos do que importa, está sendo tributado por 50%? Isso é uma irresponsabilidade ímpar do governo”, criticou.

Para ele, o confronto diplomático entre Brasília e Washington pode desencadear uma crise fiscal e de desemprego em larga escala. “Não é possível, por uma questão de vaidade ou de querer criar um clima de politização, antecipar ou promover uma crise econômica. Isso desemprega e fecha indústrias no nosso país.”