Da Redação

O governo brasileiro intensificou, nos últimos dias, as articulações diplomáticas para tentar impedir a entrada em vigor da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos importados do Brasil. Embora o foco principal siga sendo a suspensão ou o adiamento total da medida, fontes próximas às negociações revelaram que, em um cenário de impasse, o país poderá solicitar a exclusão de alimentos da cobrança.

A nova taxação está prevista para começar a valer já nesta sexta-feira (1º de agosto), mas ainda depende da formalização por meio de um ato executivo assinado pela presidência norte-americana. Até lá, o Brasil trabalha nos bastidores com duas frentes: manter o diálogo aberto com Washington e preparar alternativas caso a tarifa seja, de fato, implementada.

Interlocutores do governo informaram que a diplomacia brasileira está tentando convencer os EUA de que a medida é desproporcional, especialmente considerando que, atualmente, os americanos têm superávit comercial com o Brasil — um saldo de US$ 1,7 bilhão apenas no primeiro semestre de 2024.

No momento, o esforço principal está centrado em adiar a entrada em vigor da taxa e discutir uma possível redução do porcentual de 50%. Caso esses caminhos se esgotem, o Planalto pretende propor medidas compensatórias, como a exclusão de alimentos da tarifa ou a negociação de cotas isentas para produtos-chave da pauta exportadora brasileira.

Essas possíveis exceções beneficiariam setores como carne bovina, café, sucos, frutas e pescados — todos altamente expostos ao mercado americano. Segundo fontes ligadas à área comercial, uma negociação por setores só deve avançar se o governo concluir que não há mais margem para barrar a medida como um todo.

As conversas são lideradas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Ele está em contato direto com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Segundo um integrante do alto escalão, o diálogo “ganhou corpo” nos últimos dias e o governo brasileiro ainda não considera o jogo perdido.

Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira, a equipe de Alckmin reforçou que a prioridade segue sendo o recuo total da tarifa anunciada durante a gestão do ex-presidente Donald Trump — e que não há, por enquanto, um foco em setores específicos como alimentos ou a indústria aeronáutica.

Nos bastidores, no entanto, fontes admitem que o Brasil trabalha com planos alternativos. A ideia é ter margem de negociação caso o tarifaço seja inevitável, e, assim, proteger ao menos os setores mais vulneráveis do impacto imediato da medida.