RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Não foi só a primeira vitória em casa pelo Botafogo. Tudo é muito novo na vida de Davide Ancelotti como treinador principal de um time.
Pela primeira vez trabalhando sem o pai Carlo Ancelotti e agora como chefe de uma comissão técnica, ele se depara com as responsabilidades, a pressão e até a solidão dos momentos à frente de um time.
No Rio de Janeiro, vive uma imersão no Botafogo. A ponto de nem ter tempo para conhecer a praia mais famosa do Brasil: Copacabana.
Nesta quarta-feira (30), ele vai ter uma folga. Deve, enfim, conhecer a casa que vai morar com a família. Quem sabe dê tempo para uma esticada até as areias que atraem uma multidão de turistas diariamente.
“Não vi nada (do Rio). Encontrei uma casa, mas não tive tempo de fazer nada. nesta quinta-feira (31) é dado um dia de folga para ver algo. Não vi Copacabana em duas semanas”, disse o treinador.
Se tivesse ficado como auxiliar da seleção, nem para o Brasil Davide teria se mudado. A ideia era que ele, assim como outros auxiliares de Carlo Ancelotti, continuassem em solo europeu para observar jogos e jogadores.
Os planos mudaram com o convite de John Textor. Davide, por exemplo, já passou o aniversário por aqui (foi há uma semana). A mulher dele, Ana Galocha, chegou a vir ao Rio.
Foi ela quem movimentou os trâmites para achar uma casa nova. Trouxe uma amiga especialista nisso, divertiu-se até mesmo ao ir ao supermercado com um carrinho com uma mensagem sobre o Rio.
O filho de Ancelotti ainda não explorou a gastronomia do Rio, mas já foi com os colegas de comissão e Ana a um restaurante de comida italiana na Barra da Tijuca.
Davide, a princípio, tem até o fim de 2026 para explorar o solo carioca é quando termina o contrato com o Botafogo. Mas, antes, ele será liberado para ser auxiliar da seleção na campanha da Copa do Mundo. Vai matar a saudade da comissão técnica do pai.
A PRIMEIRA VITÓRIA E A SOLIDÃO
Por falar em Copa (do Brasil), foi no torneio mata-mata que ele pôde comemorar uma vitória em casa pela primeira vez desde que chegou ao Rio, há 22 dias. A vantagem de 2 a 0 sobre o Red Bull Bragantino não pode ser desprezada.
Ver como o time jogou premia o tempo de trabalho nesse mergulho na dinâmica do Botafogo. Davide tem se descoberto como treinador no primeiro emprego solo, precisa se adaptar ao futebol brasileiro e a um elenco que, por si só, já passa por uma fase de renovação.
A preparação desse time exige horas de trabalho. Antes da estreia à beira do campo, contra o Vitória, uma noite mal dormida. Ansiedade que ele mesmo admitiu.
Por mais que o cargo de técnico represente mais poder e autonomia, Davide tem vivido os momentos de solidão que estar no topo da cadeia acarreta.
“É diferente o pré-jogo, fico muito tempo sozinho no vestiário. Normalmente, como auxiliar, você faz o aquecimento com os jogadores, passa tudo mais rápido. Mas antes do jogo é um tempo que não tem fim. Essa é a parte mais difícil, estar só no vestiário. Um treinador está só. Essa é a diferença”, afirmou o italiano.
Pelo menos, em termos de comunicação, ele já quebrou uma barreira na adaptação. Chegou falando português, algo que chamou atenção logo de cara.
Davide contou que não falava português na data Fifa de junho. Mas chegou em 8 de julho praticamente fluente.
O método, segundo contou ao UOL nos bastidores, é ouvir e repetir. Exaustivamente. Ele diz que não precisou de uma música ou um seriado específico. E tampouco falava português com os brasileiros do Real Madrid. Mas como tem facilidade, adicionou um novo idioma ao repertório.
E olha que Davide é visto nos bastidores como um cara que não fala muito sobretudo na comparação com antecessor Renato Paiva.
É daqueles que falam com o olhar. E o que ele começa a ver nesse time, ainda invicto sob seu comando, parece promissor.