BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, indicou a possibilidade de uma conversa com o governo brasileiro às vésperas do tarifaço de 50% anunciado pelo presidente americano, Donald Trump.

Segundo Haddad, Bessent estava na Europa, mas poderia fazer contato ao voltar dessa viagem.

“A assessoria dele pediu um pouco de paciência em função das missões que ele está cumprindo lá, mas disse que, ao regressar aos EUA, haveria possibilidade de uma nova conversa”, disse Haddad nesta quarta-feira (30).

Haddad já havia procurado a equipe de Bessent na semana passada para negociar alternativas à sobretaxa de 50% sobre produtos importados do Brasil.

Em resposta, a equipe de Bessent informava, no entanto, que o caso brasileiro está a cargo da Casa Branca, concentrado no gabinete de Trump e seu entorno. Segundo relato feito pelo próprio Haddad a integrantes do governo Lula, essa iniciativa da Fazenda ocorreu no dia 21.

O ministro afirmou nesta quarta que há uma possibilidade de conversa direta com o secretário.

O governo brasileiro ainda tem dificuldades para desobstruir canais de comunicação com o governo americano, mas as conversas ganharam um fluxo maior desde a semana passada.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, de acordo com declarações públicas dadas por ele, teve ao menos duas reuniões nos últimos dias com Howard Lutnick, secretário do Comércio dos EUA.

Na quarta-feira (30), Lutnick pediu que um auxiliar participasse virtualmente de uma reunião de Alckmin com representantes de Meta, Google, Amazon, Apple, Visa e Expedia para discutir demandas de grandes empresas de tecnologia.

Haddad afirmou que Alckmin pode ir a Washington para uma reunião presencial com representantes do governo americano, desde que haja “uma agenda estruturada”.

Em entrevista ao jornal americano The New York Times, publicada nesta quarta-feira, o presidente Lula (PT) disse que pediu para fazer contato com o governo Trump e designou ministros para essa missão, mas não foi possível porque, em suas palavras, “ninguém quer conversar”.

O governo Lula considera difícil a reversão da aplicação das tarifas antes do dia 1º de agosto. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), descartou as chances de Lula conversar com Trump antes da data marcada para as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros entrarem em vigor.

As conversas lideradas por Alckmin buscam, por exemplo, a exclusão de alguns itens do tarifaço de Donald Trump.

Segundo integrantes do governo envolvidos com o tema, o vice-presidente tem conversado com o secretário de Comércio dos EUA na tentativa de poupar, por exemplo, alimentos da lista de produtos a serem sobretaxados pelo governo Trump.

Nesta quarta-feira, Haddad disse que prefere esperar o dia 1º para ver o que deve acontecer, quais será a extensão do tarifaço e a chance de possibilidade de isentar produtos específicos da sobretaxa.